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Estudo liga 'barriga de cerveja' a maior chance de osteoporose nos homens

A gordura visceral, a da "barriga de cerveja", é mais ameaçadora do que a cutânea, que está espalhada por todo o corpo - Orlando
A gordura visceral, a da 'barriga de cerveja', é mais ameaçadora do que a cutânea, que está espalhada por todo o corpo Imagem: Orlando

28/11/2012 20h40

Homens com excesso de gordura abdominal, a popular "barriga de cerveja", correm mais riscos de sofrer osteoporose, revela novo estudo norte-americano.

Embora a obesidade esteja associada a vários outros problemas de saúde - hipertensão, colesterol elevado, asma, apneia do sono e doenças das articulações -, havia a noção de que homens acima do peso enfrentavam risco menor de perda óssea.  

"Não é verdade", afirma Miriam Bredella, radiologista do Hospital Geral de Massachusetts e professora-associada de radiologia da Escola Médica de Harvard. "Todo mundo pensa na osteoporose como uma doença de mulheres. Todos os estudos focavam nas mulheres, e achava-se que os homens estavam bem. Quisemos olhar especificamente para os homens jovens."

A equipe da pesquisadora avaliou 35 homens obesos, que têm, em média, 34 anos e IMC (Índice de Massa Corporal) de 36,5. Os homens foram divididos em dois grupos: um em que a gordura era principalmente subcutânea (espalhada por todo o corpo) e outro com predomínio da gordura visceral ou intra-abdominal (localizada mais profundamente no tecido muscular da cavidade abdominal).

A gordura visceral, que faz até os magros terem 'barriga de cerveja', é bem mais ameaçadora que a subcutânea, por estar entranhada nos órgãos internos e fortemente vinculada a doenças cardíacas. A genética, uma dieta rica em gorduras e uma vida sedentária contribuem para a gordura visceral.

"O que mais nos surpreendeu foi que os homens com gordura visceral tinham ossos significativamente mais fracos [do que o outro grupo]. Eles são homens com o mesmo grau de obesidade e mais ou menos da mesma idade", explica Bredella.

Gordura perigosa

Ela submeteu os homens a tomografias abdominais e da coxa, para medir o volume de gordura e a massa muscular. Também foi feita uma tomografia de alta resolução do antebraço.Uma técnica chamada análise elementar finita, usada na engenharia para determinar a resistência de materiais usados em pontes e aviões, foi empregada para prever o risco de fratura. 

Bredella concluiu que o grupo da gordura visceral tinha quase o dobro da fraqueza óssea do que no grupo da gordura subcutânea ou da gordura espalhada pelo corpo. Os resultados também mostraram que a massa muscular estava positivamente associada à força dos ossos.

A pesquisadora disse que o tamanho do seu estudo esteve limitado pela sofisticação e custo dos equipamentos de diagnóstico por imagem usados na previsão dos riscos. Depois dos resultados desse estudo, ela avaliou outros 30 homens da mesma forma, chegando aos mesmos resultados.

Bredella disse que parece haver duas razões semelhantes para a associação entre gordura visceral e osteoporose. Uma delas é que todas as pessoas com gordura visceral secretam menos hormônio do crescimento humano, que desempenha um papel importante na saúde óssea. A segunda hipótese é que a gordura visceral elimina certas moléculas que causam inflamação e, consequentemente, enfraquecem os ossos. A secreção dessas moléculas e seu efeito sobre o organismo serão o foco da futura pesquisa dela.