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Ebola ameaça estabilidade de países atingidos, diz chefe de equipe médica dos EUA

Julie Steenhuysen

Em Chicago (EUA)

02/09/2014 21h46

O pior surto de ebola da história está ameaçando a estabilidade dos países afetados e vizinhos da África Ocidental e uma resposta "em massa" é necessária para trazê-lo sob controle, disse o chefe do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) nesta terça-feira (2).

Dr. Thomas Frieden, diretor da agência de saúde dos EUA, que acabou de voltar da África Ocidental, disse esperar que o número de casos de ebola se acelere nas próximas duas semanas e instou os governos a agirem agora.

"Nós provavelmente veremos aumentos significativos nos casos. Já temos transmissão generalizada na Libéria. Em Serra Leoa, estamos vendo sinais fortes de que isso vai acontecer em um futuro próximo", disse ele.

Frieden afirmou que o surto foi a primeira epidemia de ebola que o mundo já conheceu, o que significa que está se espalhando amplamente na sociedade e está "ameaçando a estabilidade" dos países afetados e vizinhos.

"O desafio é não saber o que fazer. O desafio é fazê-lo agora", disse Frieden em uma teleconferência com jornalistas.

Desde que foi detectado nas selvas remotas do sudeste da Guiné no início deste ano, o surto de ebola já matou cerca de 1.550 pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar dos esforços internacionais para conter a doença mortal, o número de casos "está aumentando rapidamente", disse Frieden. "Eu receio que, ao longo das próximas duas semanas, esses números tendem a aumentar ainda mais."

Frieden disse que ainda há uma janela de oportunidade para conter o surto, mas disse que "esta janela está se fechando".

"Precisamos agir agora para reforçar a resposta. Sabemos como parar o ebola. O desafio é ampliar isso para os extensos níveis necessários para acabar com este surto", disse ele.

A rápida reação da fabricante de pneus Firestone ajudou a conter o ebola depois que um empregado em sua fábrica na Libéria foi infectado.

Frieden disse que a empresa construiu salas de isolamento e identificou 73 contatos do indivíduo infectado, então os colocou em quartos de isolamento por 21 dias. Onze desses funcionários ficaram doentes, e eles foram tratados em uma enfermaria isolada que a empresa construiu. O esforço conteve o surto completamente, disse Frieden, acrescentando que aquele tipo de resposta é amplamente necessário.

De acordo com o site da Bridgestone/Firestone, a Firestone emprega mais de 6.100 liberianos.

Frieden disse que o vírus não sofreu nenhuma mutação de forma que isso faz com que ele seja mais transmissível, mas o risco de tal mutação aumenta a cada dia, já que o vírus está circulando por populações humanas.