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Após surto na Disney, veja o que viajantes precisam saber sobre o sarampo

Pediatra segura dose de vacina tríplice em sua clínica em Northridge, no Estado da Califórnia - Damian Dovarganes/AP
Pediatra segura dose de vacina tríplice em sua clínica em Northridge, no Estado da Califórnia Imagem: Damian Dovarganes/AP

Nicholas Bakalar

15/02/2015 00h01

Mais de 120 pessoas de 17 Estados norte-americanos chegaram com sarampo em casa após um surto da doença em dezembro na Disneylândia de Anaheim, na Califórnia (EUA).

Mas os únicos viajantes que têm motivos para temer são aqueles que ainda não tiveram sarampo nem tomaram a vacina que o previne.

Ninguém tem muita certeza de como começou o surto na Disney, mas a médica Anne Schuchat, diretora do Centro Nacional para Imunização e Doenças Respiratórias dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, disse que ele provavelmente surgiu a partir de uma pessoa infectada que voltava do exterior. Em 2014, quando houve mais de 600 casos de sarampo nos EUA, a fonte foram viajantes que voltaram das Filipinas, onde tinha acontecido um surto de mais de 50 mil casos.

Como a vacina para o sarampo (dada na vacina tríplice, em combinação com as vacinas para caxumba e rubéola) é tão eficaz, o sarampo havia sido praticamente eliminado nos Estados Unidos em 2000. Desde então, até os surtos de 2014, houve apenas cerca de 60 casos por ano no país inteiro.

A Organização Mundial de Saúde informou que, em 2013, 84% das crianças do mundo recebiam uma dose da vacina antes do primeiro aniversário e que houve uma queda de 75% nas mortes por sarampo entre 2000 e 2013. A organização estima que a vacina tenha prevenido 15,6 milhões de mortes durante esses anos, levando a agência a chamar a vacina de "uma das melhores aquisições em saúde pública".

Ainda assim, houve 145.700 mortes por sarampo no mundo inteiro em 2013 - ou seja, quase 400 pessoas por dia, na maioria crianças, morreram de uma doença prevenível.

Geralmente, os viajantes que estão imunizados não têm problemas em lugares lotados como navios de cruzeiro. As linhas de cruzeiro não investigam a situação de imunização de seus passageiros, mas checam para garantir que ninguém que esteja obviamente doente embarque em um navio.

"As linhas de cruzeiro continuam fazendo uma triagem médica antes do embarque, como fazem há muitos anos", diz Elinore Boeke, diretora de relações públicas para a Cruise Lines International Association, uma associação comercial do setor. "De acordo com os problemas de saúde que surgem em terra, esta triagem médica é reavaliada e modificada de forma apropriada."

Isso significa que é seguro levar uma criança que não foi vacinada em um cruzeiro? Não, diz Deborah Ann Mulligan, professora de pediatria clínica da Nova Southeastern University.

"A melhor forma de agir é garantir que as vacinas estejam em dia. Não fazer isso é jogar roleta russa. Não há motivo para colocar uma criança em risco voluntariamente sem a proteção das vacinações", disse ela.

A Organização Mundial de Saúde aponta a África e o sul da Ásia como áreas de alto risco, mas o sarampo ainda ocorre na Europa e no Pacífico. E no mundo todo o vírus infecta cerca de 20 milhões de pessoas por ano.

É uma das doenças mais infecciosas conhecidas e basta estar em uma sala em que um paciente de sarampo saiu há uma hora para pegar a infecção. Uma pessoa que não tem sintomas e se sente perfeitamente bem ainda assim pode estar infectada. Para os viajantes, isso representa um problema, mas de solução fácil: a vacinação.

O sarampo se tornou tão raro que muitas pessoas esqueceram como ele pode ser ruim. "As crianças ficam péssimas", diz Marguerite Mayers, especialista em doenças contagiosas do Hospital Infantil do Montefiore Medical Center, no Bronx. "Elas ficam cobertas de pintas, com febre alta, tossindo, com o nariz escorrendo, olhos lacrimejando e manchas avermelhadas da cabeça aos pés. O vírus invade os olhos, por isso as crianças podem ficar intolerantes à luz e insistirem em ficar em um quarto escuro. E não há tratamento."