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Uma hora de corrida pode aumentar a vida em sete horas

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Imagem: iStock

Gretchen Reynolds

21/04/2017 04h00

A corrida pode ser o exercício mais eficaz para aumentar a expectativa de vida, de acordo com uma nova revisão e análise de pesquisas anteriores sobre exercícios e morte prematura. O novo estudo revelou que os corredores costumam viver três anos mais se comparados a quem não corre, mesmo que corram lenta ou esporadicamente, ou que fumem, bebam e estejam com sobrepeso.

Nenhuma forma de exercício analisada pelos pesquisadores mostrou impacto semelhante sobre a expectativa de vida.

Essas descobertas são fruto da continuidade de um estudo realizado há três anos, durante o qual um grupo de cientistas esportivos analisou dados de inúmeros exames médicos e de saúde realizados pelo Instituo Cooper, em Dallas. Essa análise revelou que apenas cinco minutos de corrida diária já resulta no prolongamento da expectativa de vida.

Depois que o estudo foi prolongado, os pesquisadores receberam inúmeros questionamentos de outros cientistas e do público em geral, afirmou Duck-chul Lee, professor de Cinesiologia da Universidade Estadual de Iowa, além de coautor do estudo. Algumas pessoas queriam saber se outras atividades, como caminhada, também apresentariam os mesmos benefícios que a corrida na redução do risco de mortalidade.

Atletas que correm muito começaram a se perguntar se suas atividades eram excessivas, e a partir de quando a corrida pode se tornar contraproducente, ou mesmo contribuir para uma mortalidade prematura.

Além disso, algumas pessoas queriam saber se correr realmente representava um acréscimo material para a expectativa de vida, e também se para reduzir o risco de morrer um ano antes, você teria de gastar o equivalente a um ano nas pistas de corrida, sem produzir um ganho material ao final desse período.

Portanto, para o novo estudo, que foi publicado no mês passado pela revista científica Progress in Cardiovascular Disease, Lee e seus colaboradores tentaram responder essas e outras questões relacionadas por meio da reanálise de dados do Instituto Cooper e também por meio da análise dos resultados de uma série de outros estudos recentes de larga escala, em busca da associação entre exercício e mortalidade.

No geral, os cientistas determinaram que essa nova revisão reforçou as descobertas da pesquisa anterior. Cumulativamente, os dados indicaram que correr, independentemente do ritmo ou da duração da corrida, diminuía o risco de morte prematura em quase 40 por cento, um benefício que se manteve mesmo quando levaram em conta hábitos como fumo, bebida e histórico de problemas de saúde na família, como hipertensão e obesidade.

Ao utilizarem esses números, os pesquisadores determinaram que se todos os não corredores que fizeram parte do estudo começassem a praticar um esporte, a taxa de mortalidade seria 16 por cento menor, incluindo 25 por cento menos chance de ataques cardíacos fatais. (Uma limitação: os participantes desses estudos eram em sua maior parte brancos e de classe média).

Talvez o mais interessante é que os cientistas calcularam, hora por hora, que correr proporciona mais horas de vida do que consome estatisticamente. Eles revelaram que com base em duas horas semanais de treinamento – a quantidade média relatada pelos corredores que participaram do estudo do Instituto Cooper –, os corredores gastariam menos de seis meses de vida na pista de corrida ao longo de 40 anos, embora aumentasse a expectativa de vida em 3,2 anos, com um ganho líquido de 2,8 anos.

Em termos concretos, uma hora de corrida aumenta a expectativa de vida estatisticamente em cerca de sete horas, revelaram os pesquisadores.

Naturalmente, essas adições “não são infinitas”, afirmou Lee. Correr não nos torna imortais. Os ganhos na expectativa de vida são limitados a cerca de três anos, afirmou, não importa o quanto as pessoas corram.

A boa notícia é que correr por longos períodos não parece gerar um efeito negativo sobre a expectativa de vida, continuou, de acordo com dados que Lee e os colegas revisaram. O aumento da expectativa de vida geralmente atingia o limite após cerca de quatro horas de corrida semanal, afirmou Lee. Contudo, esse total não diminuía.

Enquanto isso, outros tipos de exercício também podem beneficiar a expectativa de vida, revelaram os pesquisadores, mas não na mesma intensidade que a corrida. Caminhar, andar de bicicleta e realizar outras atividades, mesmo que tão cansativas quanto a corrida, geralmente diminuíam o risco de morte prematura em cerca de 12 por cento. (Deixando claros os meus próprios enviesamentos, eu corro, mas também adoro andar de bicicleta e levo meus cachorros para passear todos os dias).

Ainda não se sabe porque a corrida é tão potente contra a mortalidade precoce, afirmou Lee. Contudo, é provável que a atividade combata muitos dos fatores de risco mais comuns para a mortalidade precoce, incluindo pressão sanguínea elevada e gordura corporal em excesso, especialmente no torso.

Correr também aumenta a capacidade aeróbica, afirmou, e a boa forma física é um dos melhores indicadores da saúde.

Naturalmente, os resultados desse novo estudo provam apenas que pessoas que correm tendem a viver mais, mas não que a corrida seja responsável pela longevidade. Os corredores geralmente também vivem de forma mais saudável, afirmou Lee, e seus estilos de vida podem ter um papel fundamental no combate à mortalidade precoce.

Todavia, mesmo levando essa possibilidade em consideração, os dados sugerem que correr pode acrescentar anos às nossas vidas, concluiu Lee.