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Minha avó deu a primeira, conta colecionador com mais de 1.200 camisinhas

Debora Komukai

Do UOL, em São Paulo

28/09/2015 06h00

"Virei colecionador pela falta de uso", brinca Ricardo Filho, dono da maior coleção de preservativos do país, de acordo com o RankBrasil --espécie de Guinness brasileiro. Aos 29 anos, o médico e empresário possui 1.230 modelos de diferentes tamanhos, nacionalidades, cores e sabores.

Entre tantas unidades exóticas --algumas vindas de países como Qatar, China, Israel e até da antiga União Soviética--, uma embalagem comum, daquelas distribuídas gratuitamente em postos de saúde, chama a atenção. "Essa foi a minha primeira, minha avó que deu. Na época, quando tinha uns 17 anos, ela achou que eu iria usar mais que ela, mas não rolou. Acabei guardando", conta Ricardo.

Formado em medicina pela USP (Universidade de São Paulo), o recordista brasileiro diz que desde pequeno tem fascínio em colecionar coisas. "Acho que isso faz parte da genética da pessoa. Porque, desde que eu me lembro, sempre gostei."

Para não perder o controle, o colecionador explica que, no início, registrava todas em um papel, mas depois não conseguiu mais. Hoje ele usa uma planilha online, na qual cadastra e cataloga cada camisinha detalhadamente, uma por uma, com características como a marca, a cor da caixa, o lugar de onde veio, onde comprou, quem presenteou.

Para manter a organização, separa os itens por categorias em caixas como as dos "modelos especiais", as "antigas", e as "mais comuns".

Raridade e presentes

E qual foi a mais difícil? –afinal, todo colecionador tem boas histórias de dedicação. Ricardo conta a vez em que ouviu falar da existência de uma farmácia que vendia camisinha dentro do Vaticano. Assim que teve a oportunidade de ir para a Europa, fez questão de passar em Roma e ficar três dias na cidade.

"Todos os dias inventava uma história diferente para entrar no Vaticano e tentar comprar uma camisinha. Mas não consegui. Na época era o outro papa [Bento 16]; o de hoje em dia [Francisco] é mais descolado, vou ver se consigo falar com ele", ironiza Ricardo.

Boa parte da coleção é feita de presentes de amigos e familiares. Isso foi outro motivo que o animou a dar continuidade.

"Comecei a perceber que as pessoas gostavam da ideia, achavam engraçado", diz.

Mas em meio a tanta piada, um episódio vivido pelo jovem quase termina mal."Uma vez, estava na Holanda, e tinha alguns euros sobrando no aeroporto. Decidi comprar mais uma camisinha. Mas a nota era falsa. Imagine um adolescente comprando só um preservativo com uma nota alta: com certeza acharam que eu estava tentando passar dinheiro falso. Acabei indo para a sala de interrogatório, e meu voo estava quase partindo. Até que mostrei meu blog [o hoje desatualizado “My Condom Collection”] e minhas anotações e eles viram que eu era realmente um colecionador, que foi tudo um engano", relata.

Entre diversas histórias de "caça camisinhas", Ricardo conta que já chegou ir à Amazônia em busca de um modelo inédito feito de látex natural, extraído da própria seringueira.

Além disso, amigos já passaram cenas constrangedoras para conseguirem um modelo diferente para a coleção. “Uma minha amiga me disse que, ao comprar uma camisinha para mim no Oriente Médio, só havia homens na fila, e todos eles ficaram olhando para ela... Até a caixa, que era uma mulher usando uma hijab preta, ficou encarando-a.”

 

Meta

Para ser reconhecido como o maior colecionador do mundo, Ricardo precisa de mais cerca de mil camisinhas diferentes. Hoje, o italiano Amatore Bolzoni é o detentor da maior coleção do gênero, com 2.077 preservativos.

"Já tentei falar com o Amatore, mas não consegui. Há alguns anos, conversei com o filho dele, que me disse que o pai dele estava sem dar notícias. Uma pena. Mas acho que Bolzoni saiu viajando para aproveitar a vida e usar as milhares de camisinhas dele por aí", brinca.

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