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Tesla, do bilionário Elon Musk, vai demitir 3 mil funcionários e diz que seus carros são 'caros demais'

Elon Musk diz que o crescimento da empresa continua forte - REUTERS/Joe Skipper
Elon Musk diz que o crescimento da empresa continua forte Imagem: REUTERS/Joe Skipper

A fabricante de carros elétricos Tesla disse que vai reduzir seu pessoal em 7% depois do ano "mais desafiador de sua história".

Em uma mensagem para os funcionários publicada no site da marca, o fundador, Elon Musk, diz que o crescimento da empresa continua forte. Mas ele acrescentou que está difícil fazer com que os carros Tesla, com as novas e inovadoras tecnologias, saiam tão barato quanto os carros convencionais.

A Tesla emprega mais de 45 mil pessoas e disse que vai demitir cerca de 3 mil delas.

Musk disse que 2018 foi o ano "mais bem sucedido" da empresa até hoje, e que a empresa entregou quase tantos carros quanto tinha feito em todos os seus anos anteriores de existência. Mas disse que os carros são "caros demais para a maioria das pessoas" e que os lucros estão baixos demais.

A empresa recentemente ampliou a produção de seu Model 3, voltado para um mercado menos luxuoso.

No Brasil, importadoras vendem o Model S há dois anos por cerca de R$ 745 mil. Nos EUA, ele é vendido a partir de US$ 78 mil.

O Model 3 chegou ao Brasil em agosto do ano passado, a R$ 325 mil. Nos EUA ele custa por volta de US$ 35 mil.

"Esse quadrimestre vai nos ajudar, com grande dificuldade, esforço e alguma sorte, a ter um pequeno lucro", disse Musk.

"Em maio, precisamos entregar o Model 3 em todos os mercados, porque precisamos alcançar consumidores que possam pagar por nossos carros. E precisamos continuar fazendo progressos para baixar o preço de variantes do Model 3."

O fundador da empresa disse que a Tesla "não tem escolha" a não ser reduzir o número de funcionários.

Apesar os cortes, a fábrica espera aumentar o ritmo de produção do Model 3 e fazer "avanços de engenharia nos próximos meses".

Apesar do crescimento em 2018, os anos anteriores foram difíceis para a empresa e seu famoso fundador.

A empresa não conseguiu atingir suas metas de produção, fazendo com que investidores ficassem pessimistas.

Musk também esteve envolvido em polêmicas no ano passado. Em julho, ele usou a rede social para chamar de "pedófilo" um dos mergulhadores que ajudavam no resgate do treinador e dos 12 meninos presos em caverna na Tailândia. A postagem veio depois que o mergulhador tinha dito que a proposta do empresário de usar um mini-submarino no regate se tratava de "golpe de marketing". Diante das críticas, Musk pediu desculpas.

Mais tarde, Musk foi processado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), agência reguladora do mercado de capitais, por causa de tuítes em que dizia querer fechar o capital da Tesla. Fazer anúncios desse tipo pelas redes sociais, em vez de usar as fontes oficiais, viola a legislação americana.

Volta por cima?

Alguns analistas especularam que a Tesla conseguiria dar a volta por cima em 2019, mas no início de janeiro a fábrica atrasou entregas do Model 3.

A empresa também teve que diminuir seus preços nos EUA para conseguir descontos de imposto por ser uma indústria verde.

Segundo o analista de negócios da BBC Theo Leggett, a empresa se consolidou como montadora de carros elétricos para o setor de luxo, mas não é nesse setor que ela vislumbra o seu futuro.

As crescentes restrições a emissões e ao uso de combustíveis fósseis apontam que veículos elétricos poderão dominar o mercado de carros "comuns" em breve.

É um mercado enorme - do qual a Tesla quer abocanhar uma fatia generosa, segundo Leggett. E para isso, depende de lançamentos como o Model 3, apresentado como um carro elétrico "acessível".

O problema é que ele ainda não é "acessível". E terá de ser produzido em quantidades bem maiores para a empresa tirar proveito de economias de escala.

Agora, ela terá de produzir mais carros mais baratos - e com menos gente. Não será fácil, mas, segundo Musk,"não há outra saída".

Em seu texto publicado hoje, Musk lembrou que a empresa estava cortando empregos após expandir em um terço sua força de trabalho em 2018.

"A Tesla vem produzindo carros há cerca de uma década e luta contra uma competição forte e massiva", disse ele.

"O resultado é que a Tesla precisa trabalhar mais do que qualquer outra empresa para sobreviver, enquanto faz produtos acessíveis e sustentáveis."

Errata: este conteúdo foi atualizado
A Tesla não está presente no Brasil. Os carros vendidos aqui são importados. O texto já foi corrigido.