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Como origamis fizeram prédio economizar no gasto com luz e ar-condicionado

Divulgação/Univale
Imagem: Divulgação/Univale

Felipe Germano

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/12/2018 04h00

Se concentrar no calor é complicado. Estudar, então, pode parecer impossível. Não à toa, um professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Florianópolis (SC), decidiu instalar em um de seus laboratórios um projeto idealizado por ele e construído por seus alunos: uma estrutura, feita de papel, capaz de bloquear o sol e, consequentemente, diminuir o uso de ar-condicionado. 

A ideia de uma estrutura que impeça a ação direta do sol em janelas não é inédita. Na verdade, existe um nome técnico para construções do tipo: são as chamadas brise-soleil ("quebra de sol", em francês). Existentes, pelo menos, desde 1930 são consideradas um símbolo do movimento de arquitetura modernista. A novidade aqui é o material utilizado na sua produção. As peças são comumente feitas de concreto, metais, madeira ou plásticos; não papel.

A ideia gira em torno das sombras geradas por pequenas pirâmides de papel. Utilizando folhas de papel A3 (que possuem o dobro do tamanho das A4, usadas em impressoras domésticas), estudantes fizeram dobraduras que as davam uma forma triangular, lembrando um coador de café.

Eis que a luz solar, que antes entraria diretamente acaba sendo parcialmente barrado pela forma geométrica, que o reflete internamente e produz uma sombra. Quando mais direta a luz solar, mais comprido é o sombreamento

É exatamente como acontece quando você aponta a lanterna do seu celular contra sua carteira: de cima a sombra é apenas uma linha; de frente, gera um retângulo sombreado. Na prática, esse é o melhor dos resultados, afinal, a ferramenta cria mais sombras, justamente quando o sol está incidindo diretamente, ou seja, atrapalhando mais, quem está dentro do recinto. 

Para atingir o efeito desejado, foram colocadas 25 dessas dobraduras atrás de uma janela. Protegidos pelo vidro, os origamis não corriam o risco de serem deteriorados pelo vento, chuva ou qualquer condição externa.

Os efeitos foram perceptíveis. Não só a claridade excessiva dos raios solares deixarem de atrapalhar, como o calor também foi contido.

"No teste realizado, o benefício foi além do conforto visual. Adequamos a iluminação e melhoramos o desempenho térmico da sala nos horários da tarde", afirmou, em comunicado, Rafael Prado Cartana, coordenador do Laboratório de Conforto Ambiental da Universidade e idealizador do projeto.

A diminuição da temperatura acabou refletindo até no bolso. Com menos calor, foi necessário menos ar-condicionado. 

A universidade, então, liberou um tutorial para quem quiser se arriscar, são só seis passos. Fica a dica pra quem quer economizar uma graninha no verão: dobradura de papel, pelo menos, não gasta luz.