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O que você fazia com 19 anos? Este garoto está revolucionando a computação

Kevin Frans, 19, especialista em redes neurais - Reprodução/YouTube
Kevin Frans, 19, especialista em redes neurais Imagem: Reprodução/YouTube

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/04/2019 04h00

Com a mesma idade com que muitos de nós estávamos cursando o ensino médio e tentando definir que carreira seguir, Kevin Frans pesquisa e desenvolve redes neurais. Sim, redes neurais.

(Para quem não sabe, trata-se de um modelo que tenta emular o funcionamento do sistema nervoso de seres vivos, sendo a base para aplicações como aprendizado de máquina e inteligência artificial.)

E você está enganado se pensa que pesquisar sobre o tema é apenas um hobby para Frans: atualmente, ele é estagiário do OpenAI, um laboratório de pesquisas que tem Elon Musk entre seus fundadores - o primeiro a ocupar esse posto sem qualquer formação superior.

Se apenas este histórico já impressiona, saiba que Frans vai além. Publicou recentemente um artigo acadêmico como autor principal, propondo abordagens para um dos principais problemas envolvendo dispositivos que utilizam inteligência artificial: como eles utilizam o que já aprenderam para solucionar novos problemas.

No momento, os modelos de inteligência artificial envolvem tratar cada novo problema como algo a ser resolvido do zero. Imagine um robô capaz de lavar roupas: ele não consegue utilizar o que já aprendeu ao lavar uma camiseta na hora de lavar uma calça, por exemplo.

Isso representa uma grande diferença em relação ao pensamento humano, uma vez que a nossa capacidade de adaptar o conhecimento prévio na hora de realizar novas tarefas acontece de forma natural. Não precisamos reaprender a escrever quando passamos a utilizar os computadores para isso, não é mesmo?

É aí que entra a descoberta de Frans: ele desenvolveu um algoritmo que permite que dispositivos que utilizam inteligência artificial convertam em "conhecimento fixo" partes de seu aprendizado. O teste foi feito com um robô virtual, que aprendeu quais movimentos de seus membros poderiam ser utilizados em várias funções, como andar ou rastejar.

O resultado disso é que os robôs do teste acabaram aprendendo novas ações de forma mais rápida. Não é preciso dizer que essa descoberta tem um potencial enorme de revolucionar campos como aprendizado de máquina (ou "machine learning") e inteligência artificial.

O mais curioso disso tudo é que Frans é um autodidata. Ele afirma que não contou com ajuda direta dos pais para começar seus projetos de inteligência artificial.

Agora, Frans, que já deu uma palestra no TED2018 com o tema "E se a inteligência artificial aprendesse de forma mais parecida com a dos humanos?", afirma que pensa em ajudar a formar uma nova geração de especialistas em inteligência artificial.

Em entrevista ao site Wired, ele diz que já vê potencial em seu irmão mais novo e que "talvez consiga ajudá-lo quando ele estiver mais velho".