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Nova tecnologia de TV pode aposentar a projeção? Já tem cinema usando...

Tela modular LED do cinema Cinépolis Samsung Onyx 4k, em São Paulo - Divulgação/Samsung
Tela modular LED do cinema Cinépolis Samsung Onyx 4k, em São Paulo Imagem: Divulgação/Samsung

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

28/06/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Multiplex Cinépolis JK, em São Paulo, é o primeiro com tela LED modular da Samsung
  • Módulos LED facilitam conserto, permitem outros formatos e podem ser usados em casa
  • No cinema, imagem tem boas cores e contraste, mas falha em movimentos suaves

A tecnologia de exibição de cinema pode em breve sofrer uma mudança de paradigma. No início dos anos 2000, já havíamos migrado do filme analógico para o digital; em meados de 2009, com "Avatar", a projeção 3D bombou; e agora em 2019, as telonas sofrem mais uma metamorfose que pode aposentar o tradicional modelo de projeção. A tela de cinema vira uma TV gigante.

Em fevereiro deste ano, o multiplex Cinépolis JK, em São Paulo, estreou a sala Samsung Onyx 4K, primeira tela do Brasil a contar com a tela composta por telas de LED modulares. Ou seja, as imagens não vêm mais "da frente" via projetor, mas emanam da própria tela, como nos televisores.

E a boa notícia é que a tela modelar não é algo exclusivo do cinema, dá para comprar o formato para ser a TV de casa. Tanto a tela do cinema quanto a de Home TV têm resolução 4K (3.840 × 2.160 pixels).

Lá fora a empresa já apresentou em feiras de tecnologia um modelo mais avançado chamado "The Wall". Esta traz uma tecnologia melhor chamada MicroLED (com emissores de luz muito menores que os LEDs, o que permite imagens mais nítidas).

Tela da Cinépolis Samsung Onyx 4k vista de perto - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Tela da Cinépolis Samsung Onyx 4k vista de perto
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Vantagens em relação à projeção

Pude assistir a duas telas modulares: uma de 130 polegadas na sede da Samsung, em São Paulo, e a um filme na Onyx JK. A experiência foi diferente nos dois casos.

The Wall, conceito de tela modular da Samsung - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Exemplo de TV modular na sede da Samsung, em São Paulo
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Na primeira tela, que estava em um ambiente que simulava uma sala de estar, a imagem de fato era bastante nítida e iluminada, com bom contraste. O local ainda estava com lâmpadas acesas e janelas de vidro abertas de dia, então mesmo com as luzes externas, a experiência continuou boa.

Ela dá um grau de interatividade maior, você se sente mais parte do conteúdo
Kauê Melo, diretor da área de B2B e monitores da Samsung Brasil

Já no cinema, pude ver "Vingadores: Ultimato" alguns dias depois de ter visto o mesmo filme na projeção. Com a ajuda de uma projecionista do Shopping Iguatemi JK, pude até tirar fotos do mesmo momento do filme em uma projeção digital convencional e na modular 4K. A diferença é muito sutil, mas as cores são discretamente mais vibrantes e o contraste e definição são um pouco melhores na modular.

Projeção de cinema digital exibindo "Vingadores: Ultimato" - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Projeção de cinema digital exibindo "Vingadores: Ultimato"
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Projeção de cinema com tela LED modular da sala Samsung Onyx 4K exibindo "Vingadores: Ultimato" - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Projeção de cinema com tela LED modular da sala Samsung Onyx 4K exibindo "Vingadores: Ultimato"; cor vermelha é um pouco mais viva, a definição melhora de leve e o enquadramento parece um pouco mais claro
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Mas a modular apresentou um problema que não surgiu na versão residencial. Em algumas cenas do filme que envolviam movimentos suaves de câmera pelo cenário —com o equipamento de cinema steadicam, para os entendidos— isso dava uma sensação de quebra entre objetos, como se ele ficasse "parando" e faltassem quadros para completar o movimento. Aconteceu umas quatro a cinco vezes no filme todo, mas me tirou de leve da experiência.

Em todo este teste, estamos falando da técnica 2D de exibição. Segundo a Samsung, a tecnologia 3D pode ser aplicada na tela modular, mas é necessário habilitá-la e configurá-la para tal.

O coordenador do cinema da Fundação Joaquim Nabuco, Ernesto Barros, não curtiu muito o formato em uma viagem a São Paulo. "Acho que ela não oferece a mesma qualidade de um filme visto a partir de uma projeção. As cores parecem artificiais em comparação com as vistas numa projeção. Acredito que a tela não dá conta com cenas pouco iluminadas. Mas depois um certo tempo, fui me acostumando", disse.

Perguntada sobre isso, a Samsung Brasil disse que "várias sessões já foram exibidas e não tivemos nenhum retorno negativo de consumidor com relação à qualidade do que é exibido na tela".

Empresas são o foco

Pelo valor (não divulgado, mas alto da peça) e nossa experiência, dá para dizer que o público-alvo da Samsung são empresas que podem investir na tela gigante para usar em festas e eventos. Então seu cinema deve continuar como está.

A tela deve ser vista a pelo menos três metros - esta é a distância para não ver nenhum pixel na tela. Aqui, os módulos juntos formam a imagem final como um quebra-cabeças completo, mas sem as "linhas" entre que costumamos ver hoje em dia nos "videowalls", formato mais usado em telas comerciais de lojas.

Encaixe do módulo de LED na tela da TV (esq.), e módulo destacado (dir.) - Divulgação/Samsung - Divulgação/Samsung
Encaixe do módulo de LED na tela da TV (esq.), e módulo destacado (dir.)
Imagem: Divulgação/Samsung

Outros benefícios para negócios são a facilidade da troca de apenas um módulo e a personalização. Os módulos do cinema Onyx JK têm 16 x 15 cm, enquanto os da Home LED para casas têm 24 x 18 cm, e ambos têm 6,5 cm de espessura. Eles ficam encaixados em gabinetes retangulares com seis módulos cada.

Outra coisa que muda são as medidas entre pixels: há os módulos de 2,5 mm e os de 1,5 mm —estes últimos são mais definidos, pois quanto menor a distância, mais "fechada" será a imagem.

The Wall, conceito de tela modular da Samsung - distância entre pixels é de 1,5 mm na imagem - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Distância entre pixels é de 1,5 mm na imagem acima
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Preço alto

A essa altura você já percebeu que essas telas não serão baratas. Infelizmente a Samsung não quis informar de preços, pois alega que as modulares são compradas sob encomenda e o valor varia conforme a necessidade.

Como o tamanho mínimo que a Samsung aceita a encomenda de uma Home LED é 130 polegadas, dá para deduzir que ela custa no mínimo bem mais caro que qualquer TV convencional da marca —em nossas pesquisas, a Qled 8k 75 polegadas custava R$ 41 mil em sites de compras.

Mas um modelo modular de 146 polegadas da Samsung custa aproximadamente US$ 100 mil lá fora, segundo o site Techradar. Portanto, é possível que uma modular de 130 polegadas esteja perto disso —na conversão direta, isso são R$ 400 mil. Um pouco mais que os R$ 350 mil que a Sony cobra em um modelo recente de 100 polegadas.