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Huawei avalia que acusações dos EUA criam 'ambiente hostil' no mundo

Huawei passou a ser boicotada em vários países do mundo - Getty Images
Huawei passou a ser boicotada em vários países do mundo Imagem: Getty Images

Josh Horwitz e Sijia Jiang

11/12/2018 19h49

Antes da prisão de sua vice-presidente financeira na última semana, a chinesa Huawei foi colocada na defensiva pelo Estados Unidos em mercados de Londres a Tóquio. Mas a prisão de Meng Wanzhou no Canadá sob a acusação de que ela enganou bancos sobre a Huawei controlar uma empresa que opera no Irã pode levar mais consumidores a se manterem longe da empresa chinesa.

"A mensagem dos EUA está sem dúvida tendo influência [na Europa]... ajudou a criar um ambiente hostil", disse um executivo da Huawei à Reuters, acrescentando que muitos empregados da companhia estão chocados com a prisão da filha de Ren Zhengfei, fundador da empresa, e provável herdeira da companhia.

A Huawei e seus advogados disseram que a empresa opera em rígido cumprimento com as leis e está confiante que os sistemas legais do Canadá e dos EUA "chegarão a uma conclusão justa".

Já reverberou a campanha de Washington para convencer o mundo que as ligações de Huawei com Pequim fazem dos equipamentos da empresa um risco para companhias de telecomunicação.

A prisão de Meng levantou preocupações de que países europeus, em especial, podem seguir os Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia em limitar o acesso da Huawei aos seus mercados.

A Huawei, que repetidamente negou acusações de que facilita operações de espionagem da China, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

De 22 contratos comerciais da Huawei para redes de telecomunicação 5G, 14 estão na Europa, onde quase toda grande operadora de telefonia do continente é cliente. Apenas no Reino Unido, a Huawei disse que já gastou US$ 1,65 bilhão em investimentos e aquisições ao longo dos últimos cinco anos.

Europa, Oriente Médio e África compunham a maior região de vendas da Huawei fora da China no ano passado, segundo o relatório anual, respondendo por 164 bilhões de iuanes, ou 27%, das vendas totais.

A Huawei afirmou que emprega mais de 11 mil pessoas na Europa, incluindo 1,9 mil em pesquisa e desenvolvimento, e gasta "bilhões de euros por ano" em aquisições na região.

Até recentemente sua posição na Europa parecia segura, com governos resistindo à pressão dos EUA para bloquear a Huawei.

No Reino Unido, um relatório de uma agência governamental levou a Huawei a anunciar que gastará US$ 2 bilhões em uma reforma de segurança.

Enquanto isso, as principais operadoras de telecomunicação do Japão, incluindo o Softbank, estão reavaliando o possível uso de equipamentos da Huawei para redes 5G, reportou a Kyodo News.

A Huawei já está tentando amenizar temores europeus, incluindo a proposta de gasto para o Conselho Nacional de Cibersegurança do Reino Unido, disse um executivo da companhia. A empresa também abriu um laboratório para permitir revisões a códigos-fonte na Alemanha e tem planos de abrir outro em pelo menos mais um país europeu.

Na véspera, a Huawei garantiu ao Comitê de Defesa do governo dinarmarquês que seus equipamentos são seguros em meio ao escrutínio de sua função como uma fornecedora da maior operadora de telecomunicações do país.