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30/03/2011 - 11h51

Kadhafi reconquista cidade petroleira; mundo debate dar armas aos rebeldes

Ras Lanuf, Líbia, 30 Mar 2011 (AFP) -As tropas leais ao ditador líbio Muamar Kadhafi reconquistaram nesta quarta-feira o terminal petroleiro de Ras Lanuf (leste), no momento em que a comunidade internacional debate sobre a conveniência de armar as desorganizadas forças rebeldes.

As tropas de Kadhafi entraram em Ras Lanuf, espalhando o pânico entre os insurgentes, que tentavam recuar para a cidade de Brega, ao oeste, sob disparos de tanques e fogo de artilharia.

Ras Lanuf, onde funciona uma refinaria, fica 370 quilômetros ao oeste de Benghazi, o reduto dos rebeldes no leste, e a 60 quilômetros do porto petroleiro de Brega, reconquistado pelos rebeldes em 27 de março com o apoio de ataques aéreos da coalizão internacional contra as forças de Kadhafi iniciados oito dias antes.

Mas o Exército conseguiu interromper na terça-feira a ofensiva dos insurgentes, mal equipados para enfrentar uma força militar regular, a 100 km de Sirte, a cidade natal de Kadhafi. E nas últimas horas não parou de recuperar terreno.

"Estamos em um grande problema, recuamos", declarou à AFP o combatente Salama Dadida, a bordo de um dos centenas de carros e caminhonetes que cruzavam Al Uqaila, 20 km ao oeste de Ras Lanuf, em direção a Brega.

"Queremos que os franceses bombardeiem os soldados de Kadhafi", afirmou outro rebelde em fuga, Alia Ati al-Faturi.

Os insurgentes sentiram falta do apoio aéreo da coalizão liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha nos últimos dois dias no avanço para Sirte.

"As tropas de Kadhafi atiram com canhões e morteiros. Não podemos com eles. Nossas armas são insuficientes", lamentou outro combatente.

Além disso, rebeldes denunciaram que as tropas de Kadhafi estavam bombardeando com artilharia pesada o enclave insurgente de Misrata (200 km ao leste de Trípoli), onde na terça-feira mataram 18 pessoas, segundo fontes médicas.

Kadhafi, no poder há 42 anos, acusa os rebeldes, que desde 15 de fevereiro conquistaram vastas zonas da Líbia, de atuar a serviço da rede terrorista Al-Qaeda e se nega a deixar o poder.

O presidente da China, Hu Jintao, advertiu em Pequim ao colega francês Nicolas Sarkozy que os bombardeios aéreos poderiam violar a resolução das Nações Unidas.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que seu governo não descarta fornecer armas aos rebeldes líbio, mas destacou que nenhuma decisão a respeito foi adotada.

O chanceler francês, Alain Juppé, afirmou na terça-feira em Londres, em uma reunião de países ocidentais e árabes (Grupo de Contato), que estava disposto a discutir uma ajuda militar aos rebeldes, mas admitiu que isto não estava previsto na resolução da ONU que autorizou a intervenção na Líbia para proteger os civis da repressão.

Interrogado a este respeito na terça-feira pelo canal NBC, o presidente americano Barack Obama afirmou: "Não descarto. Mas não digo que será feito".

Obama enfrenta ainda a pressão interna, já que metade dos americanos manifestam rejeição ao envolvimento do país no conflito na Líbia, segundo uma pesquisa.

Itália, Noruega, Bélgica e Dinamarca, membros da coalizão, manifestaram oposição ao fornecimento de armas aos rebeldes.

"Armar os rebeldes seria uma medida controversa, uma medida extrema que certamente dividiria a comunidade internacional", declarou o porta-voz do ministério italiano das Relações Exteriores, Maurizio Massari.

"Afirmamos claramente que não desejamos ser parte de uma guerra civil", afirmou o chanceler dinamarquês, Lene Espersen.

A Rússia manifestou oposição categórica à ideia.

"O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que a operação na Líbia foi planejada para proteger a população e não para armá-la. Nisto estamos totalmente de acordo", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão representativo dos insurgentes, com sede em Benghazi, afirmou na terça-feira que tentava obter armamento pesado com "nações amigas".

Um emissário americano deve chegar nesta quarta-feira em Benghazi, onde um diplomata francês assumiu na véspera a função de representante ante a autoridade das forças rebeldes.

A Grã-Bretanha anunciou a expulsão de cinco diplomatas da embaixada da Líbia em Londres, alegando que poderiam representar uma ameaça para a segurança.

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