Processo eleitoral causa confrontos no Senegal; policial morre
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Joe Penney/Reuters
Manifestantes antigoverno incendeiam pneus em Dakar
Um policial morreu na noite desta sexta-feira (27) em Dakar durante atos de violência registrados depois da publicação da lista de candidatos aprovada pelo Conselho Constitucional para as eleições presidenciais de fevereiro, informou uma fonte policial à "AFP". "Mataram um policial", afirmou o comissário Arona Sy, sem informar as circunstâncias dessa morte ocorrida durante os atos violentos entre policiais e jovens opostos a uma nova candidatura do presidente Abdulaye Wade, validada pelo Conselho Constitucional.
Confrontos violentos explodiram na noite de sexta-feira em Dakar entre jovens opositores e policiais, depois que o Conselho Constitucional publicou a lista de candidatos admitidos para a eleição presidencial de fevereiro, constatou um jornalista da "AFP". Depois do anúncio da validação da candidatura do presidente Abdoulaye Wade e da rejeição do cantor e opositor Youssou Ndour, jovens reunidos horas antes em uma praça de Dakar, convocados pela oposição, lançaram pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.
Os jovens, armados com barras de ferro, incendiaram pneus durante os confrontos com os policiais que os perseguiam nas ruas adjacentes à Praça do Obelisco. A violência prosseguia na madrugada de sexta para sábado em vários bairros de Dakar, segundo uma testemunha e meios de comunicação privados.
Também foram registradas manifestações de ira nas províncias, segundo a imprensa local.
O Movimento de 23 de Junho (M23), coalizão de partidos políticos opositores e da sociedade civil contrários à candidatura do presidente Wade convocou os senegaleses a uma "marcha até o Palácio da República" para "desalojar" Wade.
O M23 "chama o povo senegalês soberano a se mobilizar em torno do movimento para caminhar até o Palácio da República e tirar Wade do poder, que o está ocupando ilegalmente", declarou à AFP Abdul Aziz Diop, um dos responsáveis do M23 no fim de uma reunião de sua direção.
Os líderes do M23 exortaram os senegaleses "a se somar ao movimento para organizar a recuperação do território ocupado por Abdoulaye Wade (...). Foi a única decisão adotada a partir desta noite", completou Diop, dizendo: "a partir deste sábado pela manhã, o M23 fará todo o necessário" para poder organizar essa marcha até o palário e retirar" Wade de lá.