Eleições presidenciais na Rússia

Putin, confiante, critica 'discurso vazio' da oposição às vésperas da eleição


Em Moscou

Vladimir Putin se mostrou confiante quanto a uma vitória nas eleições presidenciais de domingo, e menosprezou a oposição por seu "discurso vazio".

O premiê disse que ainda não decidiu se deseja ficar no poder após 2018 - quando o mandato que espera exercer termina -, mas não vê nenhum problema em um domínio político tão prolongado.

Em uma reunião com editores dos principais jornais na noite de quinta-feira, Putin disse que os protestos recentes o deixaram feliz e os líderes da oposição não ofereceram nada consistente.

"Estou muito contente com essa situação, pois isto significa que as autoridades... têm que reagir ao que está acontecendo no país, aos sentimentos das pessoas, e corresponder às expectativas", afirmou.

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram diversas vezes em Moscou nos últimos três meses contra possíveis fraudes nas eleições e o monopólio de Putin no poder, e muitos planejam realizar protestos na segunda-feira, um dia após as eleições presidenciais.

"Acho que essa é uma ótima experiência para a Rússia", disse Putin, acrescentando que os protestos são direcionados muito mais para seu partido, o Rússia Unida, do que para ele pessoalmente.

"Você fala que a população urbana está contra mim. Eles não estão", declarou Putin a um dos editores, que havia dito que as pesquisas de intenção de voto indicavam que a classe média urbana rejeitava Putin.

"Há menos partidários meus (em Moscou), é verdade. Mas, no geral, meus adeptos são a maioria, mesmo nas grandes cidades".

A última pesquisa apontava uma vitória de Putin no primeiro turno das eleições, com quase 60% dos votos, e o candidato do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, com aproximadamente 15% dos votos.

Putin não participou de debates políticos com os outros quatros candidatos à presidência. Mandou, ao invés, os representantes de sua campanha para entrevistas enquanto ele mantinha uma imagem de primeiro-ministro ocupado viajando pelo país.

Ao falar sobre seus artigos sobre política interna e externa, Putin condenava seus oponentes por uma falta de visão e por oferecer nada além de discursos vazios.

"As pessoas da oposição... não ofereceram nenhuma opção interessante, consistente e inovadora para desenvolver o país", criticou, acrescentando que "debates não são importantes" em sua posição, e sim "resultados de um trabalho anterior".

Perguntado se achava normal permanecer no poder por tanto tempo, Putin comentou: "É normal se tudo está correndo bem, se as pessoas estão satisfeitas".

Putin, que fez 60 anos em 2012, pode, segundo a Constituição, exercer mais dois mandatos consecutivos, o que prolongaria seu governo até 2024, quando faria 72 anos.

O mandato presidencial dura agora seis anos, devido à mudanças na lei realizadas pelo presidente de saída Dmitri Medvedev.

Em uma corrida tensa pela presidência, a oposição acusou as autoridades de querer fraudar as eleições enquanto Putin virou a acusação contra seus adversários ao afirmar que eles planejam encher as urnas e depois ilegitimar a votação.

Promotores russos advertiram nesta sexta-feira um grupo independente de monitoramento das eleições de que é ilegal manter uma contagem online paralela à oficial.

O grupo Golos (Voz ou Voto em português) planejava mandar informes por mensagens de texto dos resultados das zonas eleitorais em tempo real durante às eleições como forma de evitar falsificações. Putin qualificou o grupo como parte dos esforços ocidentais de intervir na poítica russa.

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