Presidente eleito do México pede mais laços comerciais com Brasil

SÃO PAULO, 19 Set 2012 (AFP) -O presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, pediu nesta quarta-feira o aumento do comércio com o Brasil e a busca de uma "complementaridade" entre as duas principais economias da região, deixando para trás a rivalidade e a competição, ao se reunir com líderes empresariais em São Paulo.

Em sua primeira viagem ao Brasil desde que foi eleito em julho, Peña Nieto se reuniu com executivos da poderosa Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp) e destacou seu "interesse em atingir uma maior integração entre México e Brasil", conforme afirmou em uma coletiva de imprensa realizada após o evento.

Peña Nieto pediu para que fossem deixadas as rivalidades de lado e disse que ambas as nações devem buscar "oportunidades de complementaridade" para conseguir uma forte integração econômica.

"Alguns críticos chegam a afirmar que nossas nações estão destinadas a uma constante competitividade. Pessoalmente, creio que essas afirmações estão erradas", disse Peña Nieto em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

Os dois países mantêm há anos uma disputa pela liderança regional, evidenciada por exemplo na batalha pela obtenção de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, no caso de reforma dessa organização.

"Brasil e México, que são também os dois países mais povoados do continente, devem se complementar na promoção de uma economia de mercado com consciência social, fortalecendo as instituições democráticas e respeitando a soberania dos Estados, fomentando uma maior cooperação hemisférica", disse Peña Nieto.

O primeiro passo deve ser "uma maior abertura comercial entre diferentes setores de ambos países", disse durante coletiva de imprensa, sem precisar a quais setores se referia.

O México, quarto exportador mundial de automóveis, cedeu em março às pressões do Brasil para renegociar um acordo de 2002 que autorizava o comércio de automóveis e partes livres de impostos e aceitou dar limitações neste rumo durante um período de três anos.

Peña Nieto disse ainda que está confiante de que estes momentos de "tensão" podem ser superados e antecipou que na quinta-feira em Brasília proporá a presidente Dilma Rousseff que os dois países aprofundem seus laços comerciais.

O Brasil optou por proteger sua indústria automobilística em meio à crise econômica mundial, que tem afetado seriamente seu crescimento. O país, que chegou a crescer 7,5% em 2010, registrou apenas uma alta de 2,7% do PIB no ano passado e o mercado estima que este ano não chegará a 1,6%.

O México, cuja economia está fortemente ligada aos dos Estados Unidos, cresceu 3,9% em 2011 e o FMI aumentou em julho sua expectativa de crescimento este ano em 0,3 ponto.

O comércio bilateral entre as duas maiores economias da região totalizou apenas 9 bilhões de dólares no ano passado, com 1,2 bilhão de déficit para o Brasil, disse a Fiesp.

"Esperamos que nos próximos anos nossas trocas comerciais possam chegar a 20, 30 bilhões de dólares, o que ainda seria muito modesto", disse Paulo Skaf, presidente da entidade empresarial.

Após sua eleição em julho, Peña Nieto se mostrou partidário de que Brasil e México voltem a avaliar a possibilidade de um acordo de livre-comércio bilateral, um assunto que começou a ser discutido em 1998, mas que nunca deu frutos.

Peña Nieto recordou que a população de Brasil e México juntos é de 300 milhões de pessoas, quase a mesma que a dos Estados Unidos. "Ampliar nosso diálogo comercial, fortalecê-lo e potencializá-lo é conveniente para ambos", disse.

O novo presidente mexicano veio ao Brasil em meio a uma série de visitas latino-americanas, que também contaram com passagens por Guatemala e Colômbia. Após o Brasil, a viagem terá escalas no Chile, Argentina e Peru.

Peña Neto, um advogado e ex-governador do populoso estado do México, de 46 anos, pertence ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México durante 71 anos até perder a presidência em 2000. Ele assumirá o cargo em 1º de dezembro e já prometeu, entre outras coisas, enfrentar a violência ligada ao narcotráfico que assola o país.

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