Médicos retiram bala do ombro de jovem ativista antitalibã ameaçada de morte

PESHAWAR, 10 Out 2012 (AFP) -Médicos conseguiram extrair uma bala do ombro da ativista antitalibã paquistanesa de 14 anos que foi vítima de um atentado do grupo extremista.

Malala Yusufzai foi atacada na terça-feira em plena luz do dia por combatentes do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), aliado da Al-Qaeda, em Mingora, a principal cidade do vale de Swat, que o Exército retomou dos insurgentes em 2009.

Inicialmente, os médicos afirmaram que a adolescente estava fora de perigo porque o impacto da bala no crânio não havia alcançado o cérebro, mas horas mais tarde os funcionários do hospital de Peshawar (noroeste), para onde foi transportada, consideraram que seu estado era "crítico".

"Os médicos retiraram na noite de terça-feira uma bala de seu ombro", declarou uma fonte militar, que não fez comentários sobre o estado de saúde da adolescente.

Uma equipe médica examinou a ativista nesta quarta-feira para determinar se ela precisará de atendimento no exterior, mas até o momento não foi tomada nenhuma decisão.

No aeroporto de Peshawar, um Boeing 737 da companhia paquistanesa PIA está preparado para transportar, em caso de necessidade, a adolescente ao exterior. O destino mais provável seria Dubai.

Malala Yusafzai é conhecida no exterior por seu blog em hindi na página da BBC desde 2009, quando tinha apenas 11 anos. Ela denuncia os atos de violência cometidos pelos talibãs, que incendeiam escolas para meninas e matam os opositores no vale do Swat.

Ano passado, a adolescente recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz, criado pelo governo paquistanês.

O governo provincial anunciou nesta quarta-feira que ofereceria uma recompensa de 10 milhões de rúpias (104 mil dólares), por informações que levem á captura dos responsáveis.

O presidente americano Barack Obama considerou "repugnante" o atentado à vida de Malala, segundo seu porta-voz.

O Talibã reivindicou a autoria do atentado, mas tentou se justificar quarta-feira pelo ato condenado de forma unânime pelos Estados Unidos, França, organizações dos direitos Humanos, governo e imprensa paquistaneses.

"Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada moderação", escreveu em um e-mail enviado à AFP o porta-voz do TTP Ihsanullah Ihsan.

"O TTP não acredita em ataques específicos contra as mulheres, mas qualquer pessoa que dirige uma campanha contra o Islã e a Sharia (lei islâmica) deve ser morta", disse, acrescentando que a pouca idade de Malala Yousufzai não era uma razão para a clemência.

Pequenas manifestações em apoio a Malala aconteceram no Paquistão, e um protesto foi agendado para sábado em Mingora, onde a polícia do distrito faz buscas no bairro onde vive a família da adolescente, de acordo com um jornalista da AFP no local.

Os deputados paquistaneses também suspenderam os trabalhos nesta quarta-feira para condenar o ataque e rezar pela recuperação rápida da menina que "é um modelo para todo o país", ressaltou o ministro das Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar.

O líder do Exército paquistanês, o general Ashfaq Kayani, visitou o hospital e pediu reforços na luta contra o terrorismo.

"Essas pessoas não tem sequer respeito pela palavra sagrada do Profeta (Maomé), que disse que 'aquele que não é bom para as crianças, não é um dos nossos'", declarou Kayani sobre o Talibã paquistanês. "Esses atos desumanos mostram claramente o tipo de mentalidade extremista que o país está enfrentando", acrescentou.

O Paquistão, país muçulmano de 180 milhões de pessoas, experimenta um aumento no fundamentalismo religioso e está na linha de frente da guerra americana contra o terrorismo.

As regiões tribais do noroeste do país, apoiadas pelo Afeganistão, são consideradas como um santuário para os talibãs e movimentos ligados à Al-Qaeda.

"É hora de nos unir e nos levantar- contra aqueles que propagarem esta mentalidade bárbara", disse o chefe do Exército

"Malala Yousufzai está em um estado crítico, assim como o Paquistão. Sofremos com o câncer do extremismo...", lamentou o jornal paquistanês The News.

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