Rebeldes sírios capturam 21 observadores da ONU

DAMASCO, 06 Mar 2013 (AFP) - Rebeldes armados capturaram nesta quarta-feira 21 observadores da ONU nas colinas do Golã, na fronteira entre a Síria e Israel, em um primeiro incidente deste tipo na guerra na Síria.

As Nações Unidas estão iniciando as negociações com os rebeldes para conseguir a libertação dos observadores, capacetes azuis de origem filipina, informou um porta-voz da organização.

"As negociações estão em andamento e mobilizando todas as nossas equipes", disse à imprensa o chefe encarregado da manutenção da paz Hervé Ladsous. "É um incidente muito grave", afirmou.

O porta-voz adjunto da ONU, Eduardo del Buey, já havia comunicado mais cedo aos jornalistas que a missão "informou nesta manhã que aproximadamente 30 rebeldes detiveram e capturaram uns 20 capacetes azuis dentro de sua área de ação".

O Conselho de Segurança "condenou firmemente" a captura e acusou os "membros armados da oposição síria", exigindo sua libertação "imediata e sem condições".

Em um comunicado, o Conselho "exige que todas as partes cooperem" com a Força da ONU de Observação de Separação (UNDOF, na sua sigla em inglês), a fim de garantir a "total segurança" de seu pessoal.

"Os observadores da ONU estavam desenvolvendo uma missão de apoio normal e foram detidos próximo do posto de observação 58", que sofreu danos no fim de semana por intensos combates, detalhou Del Buey ao informar sobre a captura.

A ONU não forneceu a nacionalidade dos observadores, integrantes da UNDOF, nas colinas do Golã, mas o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou que eram filipinos.

A UNDOF é encarregada desde 1974 de observar o cessar-fogo na região. Ela conta com 1.100 soldados e pessoal procedente da Áustria, Croácia, Índia, Japão e Filipinas.

Desde 1967, Israel ocupa 1.200 km2 das colinas de Golã, que anexou ao seu território em 1981, decisão que jamais foi reconhecida pela comunidade internacional. A Síria continua controlando os 510 km2 restantes.



Mais de um milhão de refugiados: ACNUR

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"Com a fuga de um milhão de pessoas, com milhões de deslocados no interior do país e milhares que continuam cruzando a fronteira a cada dia, a Síria segue rumo a um desastre de grande escala", informou um comunicado do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Antonio Guterres.

O número de refugiados que fogem de seu país aumentou "de forma dramática" desde o início do ano. Há 400.000 refugiados sírios a mais desde o dia 1° de janeiro, afirma o ACNUR.

"Estão traumatizados, sem nada e perderam parentes. Quase metade dos refugiados são crianças, em sua maioria menores de 11 anos", destacou o Alto Comissariado.

Este mês completará dois anos que irrompeu o conflito sírio, causando mais de 70.000 mortes, segundo estimativas da ONU.

A Síria conta com uma população de 21 milhões de habitantes, muitos dos quais tiveram que se deslocar para fugir dos combates e mais de um milhão deixou a Síria.

Muitos sírios foram para países como o Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito. Cada vez mais sírios tem escapado rumo à América do Norte e Europa.

O ACNUR adverte que a capacidade de resposta humanitária já está se esgotando.

"Estamos fazendo todo o possível para ajudar, mas a capacidade de resposta humanitária alcançou perigosamente seus limites. Temos que deter esta tragédia", defendeu Guterres.



Primeira cidade tomada pelos rebeldes

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Enquanto isso, os combates entre as forças do governo e rebeldes e os bombardeios continuaram nesta quarta-feira com a mesma intensidade.

Os rebeldes tomaram nesta quarta o controle total de Raqa, a primeira capital provincial síria a cair em mãos dos insurgentes dois anos depois da rebelião contra o regime de Bashar al Assad, anunciou o OSDH.

A cidade de Raqa, capital da província de mesmo nome localizada no noroeste do país perto da fronteira turca, "está inteiramente fora do controle das forças do regime após a rendição dos últimos membros dos serviços militares após dois dias de combates", afirmou Rami Abdel Rahmane, diretor da ONG.

"A sede dos serviços de inteligência militar era o último edifício que continuava nas mãos do regime", acrescentou.

"Esta é a primeira capital provincial fora do controle do regime", sublinhou o chefe do OSDH, uma organização não governamental que conta com uma rede local de informantes.

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