Ameaça talibã e sequestro no último dia de campanha eleitoral no Paquistão

ISLAMABAD, 09 Mai 2013 (AFP) - O último dia de campanha para as eleições legislativas no Paquistão foi marcado pelo sequestro de um dos filhos do ex-primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani e por novas ameaças dos rebeldes talibãs, que prometem realizar atentados durante a votação no sábado.

Os partidos dos dois principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro, Nawaz Sharif, que dirigiu por duas vezes o governo, e o ex-campeão de críquete, Imran Khan, tentarão no início da noite atrair multidões para um último comício, o primeiro em Lahore e o segundo em Islamabad.

Em Multan (centro), homens armados sequestraram Ali Haider, um dos filhos de Gilani, que foi primeiro-ministro de 2008 até sua destituição pela justiça, em junho de 2012, dois meses após ser condenado por rejeitar reabrir a investigação por corrupção contra o presidente Asif Ali Zardari.

Segundo as autoridades locais, o secretário e um guarda-costas de Ali Haider Gilani foram mortos no tiroteio que deixou mais quatro feridos.

Gilani é candidato às eleições provinciais pelo Partido do Povo do Paquistão(PPP), que restringiu muito a sua campanha por ameças do Talibã.

"Queremos que nosso irmão seja devolvido esta noite. Se isso não acontecer, não iremos permitir a realização das eleições em nossa região", alertou Ali Musa Gilani, o irmão mais velho de Ali Haider. "Os partidários do PPP devem permanecer calmos e pacíficos", declarou o pai.

Este sequestro conclui uma campanha marcada por inúmeros ataques, em grande parte cometidos pelos rebeldes do Talibã, que se opõe à realização de eleições consideradas "não-islâmicas", e que deixaram ao menos 117 mortos sem, contudo, adiar as eleições neste vasto país de 180 milhões de habitantes.

De acordo com um comandante dos insurgentes, o líder dos talibãs paquistaneses, Hakimullah Mehsud, ordenou pessoalmente os ataques no dia da votação. "O Talibã vai enviar suicidas para que pratiquem ataques em todo o Paquistão" no sábado, afirmou à AFP.



Queda e ascensão de Imran Khan

A campanha eleitoral foi interrompida nesta quarta-feira após o acidente sofrido por Imran Khan, líder do Movimento pela Justiça (PTI) e ex-estrela do críquete, esporte adorado no Paquistão, que agita as multidões ao criticar os velhos partidos e dinastias "corrompidas".

O atleta, uma das principais figuras da oposição paquistanesa, caiu na terça-feira de uma grua que o transportava para o palco no qual discursaria aos simpatizantes de seu partido em Lahore, segunda maior cidade do país.

Segundo os médicos, Khan fraturou duas vértebras e tem ferimentos na cabeça e nas costas, mas não corre perigo.

Ainda internado, Imran Khan deverá discursar nesta quinta-feira por videoconferência durante o comício de seu partido na capital Islamabad, onde milhares de partidários já estavam reunidos no início desta noite.

"Gostaria muito que Imran Khan estivesse presente esta noite. Sua ausência não abalará o nosso moral, e sim reforçará", declarou Hassan Ali, um estudante de 21 anos.

Seu acidente provocou comoção entre a população. Até mais do que os sangrentos atentados talibãs contra os partidos laicos.

O partido de Khan, que boicota as eleições desde 2008 e não conta com deputados na atual Assembleia, deseja acabar com o monopólio dos dois principais partidos do país, o PPP do clã Bhutto e o PML-N da família Sharif.

Ainda assim, Nawaz Sharif é o mais cotado para assumir a liderança do governo em razão do apoio histórico de seu reduto de Pendjab, onde estão concentrados mais da metade das circunscrições.

Mas a ascensão de Imran Khan, que atrai um eleitorado de centro-direita e de jovens da classe média em busca de "mudanças", pode esquentar a disputa.

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