Força africana acusada de estuprar e explorar mulheres na Somália

Em Caracas

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    O presidente da Venezuela Nicolás Maduro disse: "Eles pensam que em outubro a Venezuela entra em colapso, assim planejaram, que sabotariam a comida das pessoas, a eletricidade, o combustível e as refinarias"

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NAIRõBI, 08 Set 2014 (AFP) - Soldados da força da União Africana na Somália (Amisom), financiada pela ONU, estupraram mulheres e trocaram ajuda humanitária por sexo em suas bases em Mogadíscio, denunciou nesta segunda-feira um relatório da Human Rights Watch (HRW).

"Os soldados da União Africana, servindo-se de intermediários somalis, utilizaram uma variedade de táticas, como ajuda humanitária, para obrigar mulheres e crianças vulneráveis a realizar atividades sexuais", detalhou a HRW.

"Estupraram e agrediram sexualmente mulheres que foram buscar ajuda médica ou água nas bases da Amisom", acrescenta o documento, que afirma que os soldados "deram comida e dinheiro em uma tentativa aparente de fazer o abuso se passar por uma transação sexual".

A Amisom afirmou que estes são incidentes isolados e classificou o relatório de injusto, embora tenha afirmado que tomará medidas a respeito.

Esta força da União Africana conta com 22.000 soldados de seis nações (Uganda, Burundi, Quênia, Etiópia, Djibuti, Serra Leoa) e desde 2007 luta junto às tropas governamentais contra os insurgentes islamitas shebab, vinculados à Al-Qaeda.

Além da ONU, é financiada por União Europeia, Estados Unidos e Grã-Bretanha, entre outros.



Forçadas pela fome

As mulheres vítimas destes abusos se dirigiram a duas bases da Amisom em Mogadíscio depois de ter fugido, em sua maioria, da fome que em 2011 devastou as zonas rurais do país.

Longe de sua comunidade e da proteção de seus pais, maridos ou seu clã, estas mulheres dependem da ajuda externa para cobrir suas necessidades básicas e as de seus filhos.

O relatório de 71 páginas se baseia no testemunho de 21 mulheres e crianças, que dizem ter sido estupradas ou sofrido abusos sexuais por parte de soldados de Uganda ou Burundi desde 2013.

A menor delas, de 12 anos, indicou ter sido estuprada por um soldado ugandês.

O documento também cita o caso de uma adolescente de 15 anos, Qamar R., que foi no fim de 2013 buscar medicamentos na base do contingente de Burundi.

Um intérprete disse a ela para seguir dois soldados: um a estuprou e o outro deu 10 dólares, explicou a jovem à HRW.

Outra jovem, Kassa D., de 19 anos, sem meios para comprar comida, explicou ter se apresentado a um intérprete somali da base ugandesa que a levou diante de um soldado. Ele também entregou 10 dólares depois de ter mantido relações sexuais com ela.

Segundo a ONG, a exploração sexual é um fenômeno conhecido nas bases da Amisom em Mogadíscio e a maioria das vítimas não denunciaram os abusos por medo de represálias.

Estes incidentes "provocam uma grande preocupação sobre os abusos de soldados da Amisom a mulheres e crianças e sugerem que existe um problema muito maior", alertou a HRW.

"Os países contribuintes de tropas, a União Africana e os doadores que financiam a Amisom devem se concentrar urgentemente sobre estes abusos e reforçar os procedimentos na Somália para que justiça seja feita", declarou esta ONG com sede em Nova York.

A HRW também interrogou outras 30 pessoas, observadores estrangeiros, soldados e líderes dos países membros da Amisom.

O relatório "só se baseia em uma pequena amostra, e utilizá-la para condenar o conjunto de nossos 22.000 soldados é extremamente contraproducente", declarou o porta-voz da Amisom, Eloi Yao, que afirmou que a força aplica uma "política de 'tolerância zero' em relação aos maus comportamentos".

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