Ocidente pressiona Rússia por saída diplomática na Ucrânia

Em Kiev

Protestos são reprimidos com violência na Ucrânia
Protestos são reprimidos com violência na Ucrânia

Os países ocidentais aumentavam a pressão nesta segunda-feira para encontrar uma saída diplomática com a Rússia, acusada pela Ucrânia de ter optado pela guerra depois que comandos pró-russos se apoderaram da Península da Crimeia.

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As manifestações começaram em novembro, depois que o então presidente Viktor Yanukovich anunciou sua decisão de não assinar um acordo de cooperação com a União Europeia, que poderia, no futuro, ter a Ucrânia como um de seus membros.

A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética.

O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia. Yanukovich foi deposto em fevereiro, e novas eleições foram convocadas.

As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia cuja maioria é alinhada à Rússia, que convocou um referendo sobre sua soberania.

A crise, uma das mais graves entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, provocava quedas nas bolsas (a de Moscou operava em baixa de mais de 5%), assim como altas no preço do petróleo.

O secretário americano de Estado, John Kerry, anunciou que visitará Kiev na terça-feira, para "reiterar o forte apoio dos Estados Unidos à soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia", indicou a porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, em um comunicado.

Os Estados Unidos também pediram o envio imediato à Ucrânia de observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE) para tentar "promover o respeito da integridade territorial" desta ex-república soviética, independente desde 1991.

O presidente vVladimir Putin considerou que a Rússia havia dado uma resposta totalmente adaptada à "ameaça constante de atos violentos por parte das forças ultranacionalistas" ucranianas, embora em uma conversa com a chefe de governo alemã, Angela Merkel, tenha aceitado a criação de um grupo de contato para iniciar um diálogo político sobre a Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, convocou a Rússia a reconsiderar, diante do que avaliou como "a maior crise na Europa no século 21".

Hague e seu colega grego, Evangelos Venizelos, cujo país ocupa a presidência semestral da União Europeia (UE), se reunirão na terça-feira com as novas autoridades ucranianas, depois da destituição, no dia 22 de fevereiro, do presidente Viktor Yanukovytch pelo Parlamento ucraniano.

No domingo, os líderes do G7 de países mais industrializados condenaram a clara violação da soberania da Ucrânia por parte de Moscou e anunciaram a suspensão de seus preparativos visando a cúpula do G8 (G7+Rússia) em Sochi (Rússia) em junho.

"A Rússia não quer a guerra"

A Otan pediu que Kiev e Moscou cheguem a uma "solução pacífica" da crise através do diálogo e "a mobilização de observadores internacionais", segundo seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.

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  • Rafael Mansano/UOL

"A Rússia não quer a guerra com a Ucrânia", respondeu no domingo o vice-chanceler russo, Grigori Karasin.

A tensão persiste na Crimeia, embora os confrontos tenham sido evitados até agora.

A Península da Crimeia é uma zona autônoma ucraniana de dois milhões de habitantes, em sua maioria de língua russa, onde a frota russa do Mar Negro tem sua base.

A base militar de Perevalne, que abriga uma unidade da guarda-costeira ucraniana, a 20 km de Simferopol (a capital da Crimeia), foi cercada por centenas de homens armados com fuzis, constatou a AFP.

Segundo o ministério ucraniano da Defesa, que estimou seu número em mil efetivos, os atacantes queriam obrigar a guarda-costeira a entregar suas armas.

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Vários locais estratégicos da península, como bases militares, aeroportos e edifícios oficiais, foram bloqueados por homens armados, cujos uniformes não têm insígnias, mas que, segundo os observadores, são soldados russos.

O almirante Denis Berezosvski, comandante-em-chefe da Marinha de guerra ucraniana, nomeado há alguns dias pelo presidente interino Olexander Turchynov, anunciou no domingo que aderia às autoridades locais pró-russas da Crimeia.

A Ucrânia advertiu no domingo que a tensão havia deixado esta região da Europa à beira do desastre e já afirmou que a presneça de forças russas na Crimeia constituía uma declaração de guerra.

"Se o presidente (russo Vladimir) Putin quer ser o presidente que começou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, está prestes a alcançar seu objetivo. Nós estamos à beira do desastre", advertiu no domingo o primeiro-ministro interino, Arseni Yatseniuk.

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