Com trégua, corpos são encontrados em Gaza, e total de mortos passa dos mil

Em Gaza

O número de palestinos mortos na ofensiva israelense em Gaza superou os mil neste sábado (26), após a descoberta de mais de uma centena de corpos entre os escombros, durante uma trégua de 12 horas entre Israel e o Hamas.

Em Paris, em uma reunião internacional para buscar uma trégua duradoura na qual estavam presentes os chefes da diplomacia de França, Estados Unidos, Catar, Turquia e de outros países europeus, foi feito um apelo pela prolongação do cessar-fogo em vigor, segundo o chanceler francês, Laurent Fabius.

Mais de mil palestinos, em sua grande maioria civis, morreram desde o início da ofensiva israelense em Gaza, no dia 8 de julho, anunciaram socorristas do território palestino. Os cerca de 6.000 feridos também são principalmente civis.

Mais de uma centena de corpos foram encontrados hoje, durante a trégua humanitária que expiraria às 20h locais (14h de Brasília), mas foi prolongada por mais quatro horas (18h de Brasília).

Do lado de Israel, 42 israelenses faleceram, 40 deles soldados, além de um trabalhador tailandês, desde o início da ofensiva.

Em Paris, em uma declaração à imprensa ao fim da reunião, Fabius disse que "todos convocamos as partes a uma extensão por 24 horas renováveis do cessar-fogo humanitário que está atualmente em vigor".

O Hamas não comentou este pedido, e a rádio pública de Israel, citando um funcionário de alto escalão do país, disse que o Estado israelense pode aceitar prolongar a trégua se puder continuar destruindo túneis utilizados pelos ativistas no superpovoado território palestino controlado pelo Hamas.

Bairros devastados

Em Gaza, muitos palestinos aproveitaram o breve respiro para voltar aos seus bairros devastados, onde os cadáveres e os escombros se acumulavam.

Equipes de resgate e jornalistas descreviam cenas de desolação: casas que desabaram, corpos enegrecidos entre as ruínas e poças de sangue sobre as marcas dos tanques israelenses.

No setor de Beit Hanun, correspondentes da AFP viram o corpo de um socorrista da Cruz Vermelha em um hospital em parte destruído por um ataque israelense.

O Hamas desaconselhou os deslocados pelo conflito --mais de 160 mil , segundo a ONU-- a se aproximar dos imóveis bombardeados e das zonas de combate pela possível presença de artefatos.

O exército israelense também recomendou que os habitantes não voltassem as suas casas neste minúsculo território onde cerca de 1,8 milhão de pessoas vivem na miséria.

Antes do início da trégua, 20 palestinos, 16 deles membros de uma mesma família, incluindo mulheres e crianças, morreram em um ataque aéreo de Israel contra Khan Yunes (sul), segundo fontes locais.

O conflito em Gaza, o quarto desde que o exército israelense se retirou deste território, em 2005, também atinge a Cisjordânia ocupada, palco de violentos combates.

As tropas israelenses mataram na noite de sexta-feira dois palestinos, de 16 e 18 anos, durante protestos. Em 24 horas, uma dezena de palestinos morreram na Cisjordânia.

Esforços diplomáticos

A reunião de Paris foi realizada depois que o secretário de Estado americano, John Kerry, não conseguiu na sexta-feira no Cairo obter uma trégua mais duradoura.

No entanto, "o que se discute é uma trégua humanitária de sete dias para permitir que todas as partes negociem no Cairo", havia explicado antes à AFP uma autoridade ligada ao presidente palestino, Mahmud Abbas.

Israel fixou como missão de seu exército, mobilizado no solo da Faixa de Gaza desde 17 de julho, a destruição do arsenal do Hamas e de sua aliada Jihad Islâmica, sobretudo os foguetes que mataram dois israelenses e um trabalhador agrícola tailandês.

Outra prioridade da operação: os túneis utilizados pelo Hamas para realizar ataques em Israel. O exército advertiu que prosseguirá suas operações contra os túneis durante a trégua deste sábado.

O Hamas, que rejeitou na semana passada um projeto de acordo elaborado pelo Egito, também tem exigências: a principal é um compromisso de Israel para suspender o bloqueio que asfixia desde 2006 a economia do enclave.

Entenda a ofensiva de Israel em Gaza
  • Como o novo conflito começou?
    A tensão aumentou drasticamente após o sequestro de 3 jovens israelenses na Cisjordânia, em junho. Israel então fez missão de busca que prendeu 420 palestinos e matou 6 inocentes. Após 18 dias, os corpos dos jovens foram achados. Vários grupos jihadistas assumiram o crime. Mas Israel culpa o Hamas, que não se posicionou. Depois, um palestinos de 16 anos foi morto em Jerusalém por judeus radicais
  • Em qual contexto político o crime aconteceu?
    As relações entre os governos israelense e palestino já estavam tensas desde que, em abril, Hamas e Fatah anunciaram governo de unidade nas regiões autônomas palestinas. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que o novo governo reconhece os acordos de paz assinados, mas Israel acha que Abbas não pode fechar acordo com Israel e, ao mesmo tempo, com o Hamas, que quer a destruição de Israel
  • Por que a área do conflito é polêmica?
    Os jovens israelenses eram de assentamentos em território palestino da Cisjordânia considerados ilegais pela ONU por violar o artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, de 1949, que proíbe a transferência violenta de população civil para outro Estado. Israel discorda dessa interpretação e alegando que a área nunca teria sido parte de um Estado soberano e que o acordo não se aplica ali
  • Por que a ONU fala em "emergência humanitária"?
    A ofensiva de Israel está cada vez mais sangrenta. Em poucas semanas, mais de mil palestinos foram mortos nos ataques em Gaza, inclusive dezenas de idosos e crianças. Cerca de 53 mil soldados israelenses agem em uma pequena faixa de terra de 362 km2, ondem vivem meio à extrema pobreza 1,8 milhão de palestinos. A ONU diz que mais de 3/4 das vítimas são civis e já são mais de 80 mil desabrigados

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