Negociadores ucranianos e separatistas assinam memorando de paz

Negociadores ucranianos e separatistas pró-russos do leste da Ucrânia chegaram a um acordo na madrugada deste sábado (20), horário local, em torno de um cessar-fogo e da criação de uma zona desmilitarizada de 30 quilômetros, afirmaram os dois lados em Minsk (Bielorrússia).

A informação foi anunciada primeiro pelo representante das autoridades ucranianas, o ex-presidente Leonid Kuchma, ao término de sete horas de negociações concluídas na capital bielorrussa.

Segundo Kuchma, entre os nove pontos do documento se destacam o fim dos confrontos armados e um recuo de 15 quilômetros da artilharia pesada a partir da "linha de contato".

"Isto será uma oportunidade para criar uma zona de segurança de pelo menos 30 quilômetros de extensão", acrescentou o negociador.

Crise na Ucrânia
Crise na Ucrânia

Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Este acordo é a última tentativa de fazer a paz voltar ao leste da Ucrânia, onde os separatistas pró-russos favoráveis à independência estão em guerra com o Exército ucraniano desde abril.

O chamado "grupo de contato", que inclui também representantes da Rússia e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), chegou a um pré-acordo de paz no início do mês que conseguiu reduzir a intensidade dos enfrentamentos e as mortes de civis.

As partes estabeleceram que os beligerantes não utilizarão armamento pesado em regiões povoadas e que os aviões militares e drones terão que respeitar uma zona de segurança. O acordo será monitorado pela (OSCE), disse Kuchma.

O documento também prevê que "todos os grupos armados estrangeiros, equipamentos militares, combatentes e mercenários" deixem as áreas povoadas, acrescentou.

O objetivo é que este acordo contribua para a criação de uma zona de "total segurança", disse o líder separatista da auto-proclamada República Popular de Lugansk, Igor Plotnitsky, ressaltando que o delicado assunto do estatuto das regiões separatistas de Lugansk e Donetsk não tinha sido discutido.

"Temos a nossa opinião, assim como a Ucrânia tem a sua", disse Alexander Zakharchenko, o líder separatista de Donetsk, ao ser perguntado se vai querer permanecer na Ucrânia.

A cronologia da crise na Ucrânia
  • Divulgação/Instagram/esquire.com
    Como a crise começou?
    Em novembro de 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se recusou a assinar um acordo com a UE e fez pacto com a Rússia por um pacote de ajuda de US$ 15 bilhões de Moscou e pela redução do preço do gás russo. Milhares de pessoas foram às ruas para protestar e derrubaram o presidente. Moradores da fronteira alinhados com Putin então se rebelaram com o que chamam de golpe de Estado
  • Mykola Lazarenko/Serviço de Imprensa de Poroshenko/AFP
    Meses de crise e novo pleito
    Eleições extraordinárias na Ucrânia foram convocadas após a queda de Viktor Yanukovich, em fevereiro, e em meio ao conflito entre forças ucranianas e separatistas pró-Rússia, que já matou mais de 350 pessoas desde abril. Em maio, o milionário Petro Poroshenko, o "rei do chocolate", venceu em 1º turno. Ele apoia as ações militares contra o movimento separatista pró-Rússia e aderiu à UE
  • Alexander Khudoteply/AFP
    Movimento separatista
    Desde abril, separatistas ocupam prédios públicos em Lugansk, Donetsk e Slaviansk, no leste do país, fronteira com a Rússia, onde vivem cerca de 7 milhões de pessoas, quase 15% da população da Ucrânia, que falam russo e se alinham ao governo Putin. As áreas se autoproclamaram "repúblicas populares independentes" em maio.
  • Sergei Chirikob/EFA/EPA
    Troca de acusações
    O choque da Rússia com o Ocidente ressuscitou linguagem e práticas da Guerra Fria. A Ucrânia acusa a Rússia de patrocinar e dar armas aos rebeldes. Já Moscou diz que Kiev faz "operação punitiva" contra os separatistas, com atos criminosos. As relações entre os países estão abaladas desde que a Rússia reconheceu o levante --apoiado pelo Ocidente-- contra Yanukovich e, em seguida, anexou a Crimeia.
  • Jewel Samad/AFP
    Quem fica de cada lado
    A posição de países sobre a crise varia de acordo com a relação comercial que cada um tem com a Rússia. Os EUA impõem sanções e ameaçam. A UE depende do gás russo, mas ofereceu dinheiro à Ucrânia. A proximidade faz a Alemanha parecer comedida, enquanto a França é mais agressiva. O Reino Unido tenta falar alto, mas não tomaria medidas concretas contra a Rússia. A China permanece em silêncio.
  • Dmitry Lovetsky/AP
    Avião abatido
    O Boeing-777 de Malaysia Airlines caiu na região leste de Donetsk, palco dos combates separatistas. Após a queda, autoridades dos governos russo e ucraniano, além do representante da República Autoproclamada de Donetsk, negaram ter abatido o avião. Mas, especialistas dizem que mísseis terra-ar, guiados por calor e fornecidos pela Rússia aos rebeldes, seriam capazes de abater um avião comercial

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