Estado Islâmico afirma ter decapitado refém americano Peter Kassig

  • AP

    O americano Peter Kassig (em foto de 3 de outubro), funcionário de agências humanitárias que trabalhava na Síria, foi capturado no ano passado

    O americano Peter Kassig (em foto de 3 de outubro), funcionário de agências humanitárias que trabalhava na Síria, foi capturado no ano passado

BEIRUTE, 16 Nov 2014 (AFP) - O grupo ultrarradical Estado Islâmico (EI) reivindicou em um vídeo postado na internet neste domingo a execução por decapitação do refém americano Peter Kassig, sequestrado na Síria em 2013.

Nas imagens do mais recente vídeo do EI, que já reivindicou desde agosto a execução de quatro reféns ocidentais, um homem mascarado aparece em pé ao lado de uma cabeça decepada, alegando ter decapitado Peter Kassig. O vídeo ainda não teve a sua autenticidade confirmada.

"Este é Peter Edward Kassig, um cidadão americano de seu país", afirma o homem mascarado de sotaque britânico, que associa este assassinato ao envio de conselheiros americanos para ajudar as tropas iraquianas em sua guerra contra o EI.

Não é possível saber, neste momento, se trata-se do "Jihadi John", o suposto assassino dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff.

No mesmo vídeo de 15 minutos, combatentes do EI são mostrados decapitando quinze homens apresentados como soldados do regime sírio de Bashar al-Assad.

Aos 26 anos, Peter Kassig, um ex-soldado no Iraque, havia se convertido ao islamismo e fundado uma organização humanitária em 2012, "Special Emergency Response and Assistance" (Sera), após deixar o Exército americano.

Ele apareceu no vídeo lançado em 3 de outubro da decapitação de um outro refém do EI, o britânico Alan Henning, em que os jihadistas ameaçam matá-lo em retaliação aos ataques aéreos americanos na Síria e no Iraque.

Peter Kassig é o terceiro refém americano cuja decapitação foi reivindicada pelo EI após James Foley e Steven Sotloff. Dois outros britânicos, Alan Henning, um voluntário humanitário, e David Haines, trabalhador humanitário, sofreram o mesmo destino.

Todos foram sequestrados na Síria, país em guerra há mais de três anos.

Acusado pela ONU de crimes contra a Humanidade, o grupo EI é responsável por terríveis atrocidades nas vastas regiões conquistadas na Síria e no Iraque, incluindo execuções, sequestros, estupros e limpeza étnica.

Entenda a violência no Iraque
  • O que está acontecendo?
    Desde que as tropas americanas saíram do Iraque, em 2011, o grupo islâmico EI vem rapidamente ocupando cidades do país. Desde junho, já tomou Mosul, segunda maior cidade e bastião da resistência à ocupação dos EUA e aliados, e partes de Tikrit, cidade de Saddam Hussein próxima da capital Bagdá
  • Quem está atacando?
    O EI (Estado Islâmico), um grupo islamita sunita que surgiu da união de diversos grupos que lutaram contra a ocupação do Iraque pelos EUA e que recentemente criou um califado nas áreas sob o seu controle no Iraque e no Levante (parte de Síria e Líbano). Seu principal líder foi Al-Zarqawi, morto em 2006. Hoje a liderança tem vários nomes, mas o principal é Al-Baghdadi
  • O que é um califado?
    É uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. O Estado, que seguiria rigorosamente a lei do Islã, compreenderia a região entre o mar Mediterrâneo e o rio Tigre
  • Qual a força do EI?
    O grupo, que recebe grandes doações ocultas de dinheiro, tem milhares de militantes, inclusive "jihadistas" americanos e europeus, e se aproveita da disputa entre o governo de Maliki, apoiado pelos xiitas, e a minoria sunita para conquistar espaço. Acredita-se que seja patrocinado por governos da região. Embora seja considerado um braço da Al-Qaeda, se rebelou e foi expulso pelo líder Al-Zawahiri
  • Quem está na mira do EI?
    Cerca de 50 mil membros da minoria yazidi, que estão isolados em montanhas no noroeste do Iraque, sem comida nem água, depois de terem fugido de suas casas, e cristãos, que chegaram a ser crucificados. Mulheres tem sido forçadas a se submeter à mutilação genital e usar véus cobrindo o corpo inteiro
  • O Iraque pode se dividir?
    Apesar de o governo central de Bagdá ainda controlar oficialmente as províncias do país, é possível que haja a fragmentação em ao menos três territórios. Isso porque a divisão do Iraque entre árabes sunitas, xiitas e curdos já está bem avançada

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