Direita de Rajoy vence legislativas na Espanha; Podemos dispara

Madri, 20 dez 2015 (AFP) - Os espanhóis puniram neste domingo a "velha política", dando uma vantagem apertada para os conservadores de Mariano Rajoy e impulsionando com força o partido antiausteridade Podemos - de acordo com resultados oficiais quase definitivos.

O primeiro-ministro Mariano Rajoy anunciou que tentará formar governo na Espanha.

"Vou tentar formar governo e acredito que a Espanha precise de um governo estável", declarou Rajoy, diante das centenas de simpatizantes reunidos na frente da sede do PP.

"Será necessário falar muito, dialogar mais, chegar a entendimentos e a acordos", acrescentou, da varanda da sede do PP.

O Partido Popular (PP) de Rajoy, de 60 anos, perdeu de forma fragorosa a confortável maioria de 186 deputados conquistada em 2011. Com mais de 99,5% dos votos apurados, o PP obtinha 123 deputados em uma Câmara de 350 cadeiras. Até hoje, nenhum partido havia governado o país com menos de 156 assentos.

Atrás, com 90 deputados, aparece o socialista PSOE, liderado pelo professor de Economia Pedro Sánchez, de 43 anos, que registra novo retrocesso eleitoral. Em 2011, já havia obtido o pior resultado de sua história, com 110 deputados.

Grande novidade dessas eleições, dois partidos avançam com força, acabando com mais de 30 anos de bipartidarismo do PP e do PSOE: Podemos e seus aliados têm 69 cadeiras, e o centrista Ciudadanos, 40.

Os duros anos de crise e as dolorosas políticas de austeridade, a disparada do desemprego - que chegou a 27% no início de 2013 e está em 21,18% - e os inúmeros escândalos de corrupção deflagraram uma crise institucional. Seu primeiro impacto foi em junho de 2014, com a abdicação do então rei Juan Carlos I, que cedeu a coroa a seu filho Felipe VI, e leva agora a uma nova geração políticos no Parlamento.

Hoje, "começa uma nova etapa política no nosso país", afirmou o líder do Podemos, Pablo Iglesias, um cientista político de 37 anos, que fundou o partido há apenas dois. Ele volta a surpreender, depois de ter conseguido cinco eurodeputados em 2014 e de ter impulsionado a vitória, em maio passado, de prefeitos "indignados" em cidades como Madri e Barcelona.

"Estamos diante de uma nova transição democrática, diante de uma nova era", comentou o advogado Albert Rivera, de 36 anos, líder do Ciudadanos, ao votar no Hospitalet de Llobregat, perto de Barcelona (nordeste).

Expectativa de mudança"O Partido Popular ganhou essas eleições gerais, o Partido Popular é a lista mais votada", celebrou a número dois do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, ao anunciar os resultados.

Enquanto isso, a sede nacional do partido era tomada por simpatizantes, agitando bandeiras aos gritos de "Espanha, Espanha!".

"É uma vitória do PP, sim, mas pode acontecer uma coisa que é insólita na Espanha que é a força ganhadora terminar sem governar", disse à AFP o professor de Ciência Política Jordi Matas, da Universidade de Barcelona.

Essas eleições encerram um ano de mudança eleitoral no sul da Europa, após a vitória da esquerda radical de Alexis Tsipras, na Grécia, em janeiro; e depois da chegada ao poder em Portugal, em outubro, de uma coalizão de partidos de esquerda - embora a direita tenha sido mais votada.

Em muitas seções eleitorais espanholas respirou-se ventos de mudança, com eleitores mostrando sua ilusão com o fim do bipartidarismo do PP e do PSOE reinante desde 1982.

"Gostaria que tivesse uma mudança, para que o novo governo olhasse um pouco mais para as pessoas das ruas, para o povo", afirmava Juan José Rodríguez, de 43, no popular bairro madrileno de Lavapiés.

bur-gr-acc/pmr/lb/tt

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos