Dirigente do Hezbollah morre em ataque aéreo israelense na Síria

Beirute, 20 dez 2015 (AFP) - Samir Kantar, um dirigente do Hezbollah libanês, morreu em um ataque aéreo israelense perto de Damasco, anunciou neste domingo o grupo xiita que luta na Síria ao lado do exército de Bashar al-Assad.

"O decano dos prisioneiros libaneses morreu no sábado à noite quando aviões do inimigo sionista bombardearam um imóvel residencial em Jaramana", uma cidade nas proximidades de Damasco, afirma a nota, em referência a Samir Kantar, que permaneceu 30 anos preso no Estado de Israel.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede na Grã-Bretanha, também informou a morte de Kantar, que apresentou como o "chefe da resistência síria para a libertação de Golã", um grupo criado há dois anos pelo Hezbollah para executar operações nesta região parcialmente ocupada desde a guerra dos Seis Dias por Israel.

O Hezbollah, que atribuiu o bombardeio que matou Kantar a "aviões do inimigo sionista", luta na Síria ao lado das forças do regime de Bashar al-Assad, contra os rebeldes e os grupos jihadistas.

Israel afirmou estar "feliz" com a morte de Kantar, mas sem reivindicar o bombardeio que provocou a morte do homem de 54 anos, pai de um menino de quatro anos, fruto de seu casamento com uma jornalista libanesa.

Kantar foi condenado em 1980 à prisão perpétua em Israel acusado pela morte de três pessoas, incluindo uma menor de idade. Ele foi libertado em 2008, em uma troca de prisioneiros entre o Hezbollah e o Estado hebreu.

Em abril de 1979, quando tinha 17 anos, ele e outros três integrantes da Frente de Libertação Palestina entraram pelo mar, a partir do Líbano, na localidade israelense de Nahariya, onde mataram três pessoas da mesma família, incluindo uma menina de quatro anos. Dois integrantes do grupo foram mortos por militares e Kantar foi detido ao lado de outro membro do movimento palestino.

A ministra da Justiça de Israel, Ayelet Shaked, chamou Kantar de "multiterrorista que matou uma menina quebrando o seu crânio".

"Sua morte é uma boa notícia", afirmou à rádio militar.

O Estado de Israel não reivindicou o bombardeio, segundo a ministra israelense.

Em setembro, o governo dos Estados Unidos incluiu Kantar em sua "lista negra". Com a designação jurídica, as pessoas ou grupos citados na relação do Departamento de Estado têm os bens congelados no território americano, ao mesmo tempo que qualquer cidadão do país fica proibido de manter vínculos comerciais com eles.

Um amigo da família, que pediu anonimato, afirmou à AFP que Kantar viajou à Síria depois que o Hezbollah anunciou, em abril de 2013, que o movimento xiita libanês participaria nos combates contra os rebeldes sírios.

"Sua família sabia que um dia iria morrer", disse a fonte.

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