Espanha vota em eleições legislativas de resultado incerto

Madri, 20 dez 2015 (AFP) - Os espanhóis comparecem às urnas neste domingo para as eleições gerais mais indefinidas da história da jovem democracia do país, após o surgimento dos partidos 'Ciudadanos' e Podemos, que podem dificultar um novo governo dos conservadores do Partido Popular (PP), no poder desde 2011.

A presença do Podemos (esquerda radical) e do 'Ciudadanos' (liberal) permite prever a perda da maioria absoluta da direita e a necessidade de pactos para a formação do governo, após a votação deste domingo de 36,5 milhões de eleitores, incluindo os espanhóis que vão morar no exterior.

Os locais de votação permanecerão abertos das 9H00 (6H00 de Brasília) às 20H00 (17H00 de Brasília). Mais de 90.000 policiais foram mobilizados para garantir a segurança em um país com alerta antiterrorista 4, em uma escala que vai até cinco.

Os partidários do Podemos e do 'Ciudadanos' afirmam que são os grandes vencedores do pleito, pois a criação de ambos acabou com o bipartidarismo que domina a Espanha desde 1982, entre socialistas (PSOE) e PP.

"O fim do bipartidarismo PP-PSOE, já materializado em prefeituras e autonomias, chega agora ao Legislativo", afirma o jornal El País, em referência às eleições locais de maio, nas quais as plataformas cidadãs, que incluíam o Podemos, venceram a disputa de prefeituras como Madri ou Barcelona.

"Eu sou partidário de que na Espanha governe a primeira força política, a que recebe mais apoios e mais votos", disse o primeiro-ministro Mariano Rajoy durante a campanha.

Neste domingo, o chefe de Governo estimulava o comparecimento aos locais de votação, enquanto o candidato socialista Pedro Sánchez declarou que "os espanhóis sabem que o futuro não está escrito, vamos escrever com o nosso voto".

De acordo com as pesquisas, o PP de Rajoy, que conquistou uma grande maioria em 2011 com 45% dos votos, terá alguns pontos de vantagem, mas sem superar 30%.

Bem atrás do PP, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), liderado por Pedro Sánchez, professor de Economia de 43 anos, tem dificuldades para superar a faixa de 20% e não tem a garantia de conservar o segundo lugar, seguido de perto por Podemos e 'Ciudadanos'.

Em um Parlamento mais fragmentado, a formação de um governo deve ser árdua.

"A tradicional dialética esquerda-direita deixou de ser a única motivação dos eleitores. Podemos e 'Ciudadanos' deram espaço a um novo relato: velha política contra a nova política", afirma o jornal El Mundo.

Impulsionados pelo descontentamento social provocado pelas políticas de austeridade e a explosão de vários escândalos de corrupção, que chegaram a abalar inclusive a família real, os novos partidos prometem mudar a forma de fazer política na Espanha.

Diante desta situação, Podemos e 'Ciudadanos' apresentam a bandeira da regeneração democrática, transparência e honestidade, que devem marcar suas exigências no momento de negociar uma eventual participação no governo.

O partido antiausteridade Podemos, dirigido por Pablo Iglesias, de 37 anos, soube canalizar a indignação dos manifestantes que saíram às ruas em 2011 e 2012. Fundado no início de 2014, sua rápida ascensão provou que havia espaço para outras cores políticas.

Um pouco depois, entrou em cena o 'Ciudadanos', liderado desde 2006 pelo advogado Albert Rivera, de 36 anos, que ganhou espaço a nível nacional no fim de 2014.

Para contra-atacar os partidos emergentes, Rajoy, de 60 anos, se concentra nos eleitores de mais idade, que representam quase um terço dos votantes, e defende a "segurança" e continuidade da gestão, com um alerta contra os "experimentos".

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