Hezbollah realiza funeral de líder morto em ataque na Síria

Em Lahore (Paquistão)

Beirute, 21 dez 2015 (AFP) - O Hezbollah realiza nesta segunda-feira um funeral imponente para Samir Kantar, figura deste movimento que combate na Síria junto ao exército leal ao presidente Bashar al-Assad e que morreu no sábado em um ataque atribuído a Israel.

O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, planeja discursar na noite desta segunda-feira para reagir após este ataque.

Por sua vez, Israel comemorou a morte de Kantar, mas não reivindicou a responsabilidade pelo bombardeio.

Um funcionário do alto escalão da segurança israelense havia advertido, em 2008, pouco depois de o dirigente druso libanês sair da prisão, que ele continuava sendo um "alvo para Israel".

No bairro de Ghobeiri, reduto do Hezbollah, foram erguidos controles e militantes com vestes militares carregam bandeiras de seu partido. O caixão de Kantar foi coberto com uma bandeira do Hezbollah.

Kantar, ex-militante da Frente Popular Palestina (FLP), preso durante 30 anos em Israel por uma sangrenta operação militar que lançou aos 16 anos, se somou após sua libertação ao movimento xiita, que propiciou sua libertação mediante uma troca de prisioneiros.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) o apresentou como o "chefe da resistência síria para libertação do Golã", grupo criado pelo Hezbollah há dois anos para lançar operações nesta região, ocupada por Israel desde a guerra árabe-israelense de 1967.

Símbolo da resistênciaPara Waddah Sharara, especialista do Hezbollah, "Samir Kantar era o símbolo de um projeto (...) de constituição de uma frente de resistência no sul druso sírio (...) E quando Nasrallah anunciou que em breve seria possível ver uma resistência síria tão eficaz quanto a resistência xiita no sul do Líbano, Kantar fazia parte da equação".

Os cerca de 20.000 drusos que vivem no Golã rejeitaram, em sua imensa maioria, a nacionalidade israelense após a anexação desta região pelo Estado hebreu.

Kantar, originário de Aabey, na região drusa a sudeste de Beirute, pertenceu à juventude libanesa que se somou nos anos 70 aos combatentes palestinos no Líbano.

O chefe druso Walid Jumblatt prestou homenagem: "Apesar das nossas divergências sobre a crise síria, condenamos a morte do militante Samir (...) que dedicou sua vida a lutar contra a ocupação israelense (...) Permanecerá como símbolo da luta, da resistência e da liberdade", disse em um comunicado.

Por sua vez, nas redes sociais choviam as críticas sobre a inação dos russos, aliados do Hezbollah contra os rebeldes na Síria, que não conseguiram evitar o bombardeio perto de Damasco no qual morreu Kantar, apesar de seu excelente sistema em terra de radares.

Os meios de comunicação simpatizantes do Hezbollah justificaram a inação russa alegando que os aviões israelenses nunca ingressaram no espaço aéreo sírio para matar Kantar, mas lançaram quatro mísseis a partir do lago Tiberíades, situado em Israel.

Para Sharara, professor de sociologia na universidade libanesa, "desde o início a Rússia quis deixar claro que sua defesa do regime sírio não tem a ver com o conflito sírio-israelense".

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