UE prorroga por seis meses sanções econômicas à Rússia

Bruxelas, 21 dez 2015 (AFP) - A União Europeia (UE) prorrogou nesta segunda-feira as sanções econômicas contra a Rússia por seu suposto envolvimento no conflito na Ucrânia, com a qual fracassou em chegar a um acordo para acalmar suas inquietações, antes da entrada em vigor do acordo comercial entre Bruxelas e Kiev.

"No dia 21 de dezembro de 2015, o Conselho Europeu (que representa os 28 Estados-membros da UE) prorrogou as sanções econômicas contra a Rússia até 31 de julho de 2016", afirma a UE em um comunicado.

O bloco europeu havia imposto sanções econômicas contra o setor petrolífero, os serviços financeiros e as personalidades russas no dia 31 de julho de 2014, após a derrubada no espaço aéreo ucraniano de um avião comercial da Malaysian Airlines com 298 pessoas a bordo que viajava de Amsterdã a Kuala Lumpur.

Esta medida foi "em resposta às sanções da Rússia no leste da Ucrânia", acrescenta o comunicado.

A decisão dos 28 é pela não aplicação em sua totalidade dos acordos de paz de Minsk, assinados por Moscou, pelos separatistas do leste da Ucrânia e por Kiev, que também não fracassa em aplicar, segundo fontes diplomáticas.

"Como os acordos de Minsk não serão aplicados em sua totalidade em 31 de dezembro de 2015, a duração das sanções foi prolongada enquanto o Conselho continua analisando os avanços de sua aplicação", explica o comunicado.

Em resposta, Moscou criticou a UE por prolongar as sanções em vez de cooperar na luta contra o terrorismo.

"É triste comprovar que em vez de estabelecer uma cooperação para deter os atuais desafios chaves, como o terrorismo internacional, Bruxelas prefira continuar com o jogo no curto prazo das sanções", declarou o ministério russo das Relações Exteriores, que classificou a decisão de hipócrita e artificial.

Embargo russo à UcrâniaParalelamente, o premiê russo, Dmitri Medvedev, confirmou nesta segunda-feira que a Rússia estenderá à Ucrânia o embargo aos produtos alimentícios já impostos aos países ocidentais, uma medida de revanche de Moscou às sanções.

"Acabo de assinar o decreto correspondente", declarou o chefe de governo, citado por agências russas.

Este embargo será adotado a partir de 1º de janeiro, data da entrada em vigor do acordo de livre comércio entre Ucrânia e UE e pelo qual Bruxelas, Kiev e Moscou mantiveram nos últimos 18 meses várias reuniões para tentar acalmar as inquietações russas a respeito do acordo.

UE e ucrânia assinaram no ano passado um amplo Acordo de Associação com um importante capítulo comercial no qual o bloco europeu dá acesso preferencial aos produtos ucranianos e vice-versa.

Este mesmo acordo, que o presidente deposto Viktor Yanukovich, pressionado por Moscou, tinha se recusado a assinar em dezembro de 2013, provocou protestos maciços na capital ucraniana, que terminaram com seu governo e levaram à anexação russa da Crimeia e a uma guerra civil no leste do país na qual morreram mais de 9.000 pessoas.

"Não há acordo, portanto este formato de reunião [entre UE, Ucrânia e Rússia] terminou. Não haverá mais negociações tripartites", disse a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, em coletiva de imprensa.

A Rússia "não demonstrou suficiente flexibilidade" para alcançar um acordo, acrescentou, após se reunir em Bruxelas com o ministro russo da Economia, Alexei Uliukaiev, e o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkin.

"Não estavam prontos para levar em conta nossas preocupações", avaliou o ministro russo, citado por agências russas.

Esta reunião foi apresentada por Jean-Claude Juncker, na semana passada, como a "última oportunidade" para encontrar um acordo com a Rússia antes da entrada em vigor do acordo comercial que Bruxelas assinou com Kiev.

A Ucrânia calcula o custo anual do embargo imposto por Moscou às suas exportações em 600 milhões de dólares.

"Estamos prontos para pagar o preço da liberdade e da nossa escolha europeia (....) o acordo comercial [com a UE] não pode ser adiado", tinha assegurado na semana passada, em Bruxelas, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cujo governo declarou em moratória, também na semana passada, uma dívida de US$ 3 bilhões com Moscou.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos