Fracassam negociações para acordo comercial entre UE, Ucrânia e Rússia (oficial)

Em Washington

Bruxelas, 21 dez 2015 (AFP) - União Europeia, Ucrânia e Rússia falharam em chegar a um acordo, em uma reunião tripartite, em Bruxelas, apresentada como "a última oportunidade" para satisfazer as inquietações de Moscou antes da entrada em vigor do acordo comercial selado entre Kiev e Bruxelas em 1º de janeiro.

A Rússia "não demonstrou suficiente flexibilidade" para alcançar um acordo, disse a comissária de Comércio europeia, Cecilia Malmstrom, em coletiva de imprensa pouco depois de o ministro da Economia russo, Alexei Uliukaiev, afirmar, citado por agências russas, que da outra parte "não estavam prontos para levar em conta nossas preocupações".

Esta reunião foi apresentada por Jean-Claude Juncker na semana passada como a "última chance" para se chegar a um acordo com a Rússia antes da entrada em vigor do acordo comercial assinado entre Bruxelas e Kiev.

UE e Ucrânia assinaram no ano passado um amplo Acordo de Associação com um importante capítulo comercial no qual o bloco europeu dá acesso preferencial aos produtos ucranianos e vice-versa.

Este mesmo acordo, que o presidente deposto Viktor Yanukovich, pressionado por Moscou, tinha se recusado a assinar em dezembro de 2013, provocou protestos maciços na capital ucraniana, que terminaram com seu governo e levaram à anexação russa da Crimeia e a uma guerra civil no leste do país na qual morreram mais de 9.000 pessoas.

Para acalmar as inquietações de Moscou sobre a assinatura deste acordo, em quase dois anos foram celebradas mais de 20 reuniões com autoridades ucranianas, russas e europeias.

"A Rússia apresentou todo o tempo objeções e emendas, algumas das quais não teriam permitido a existência do DCFTA [Deep and Comprehensive Free Trade Area, o acordo comercial]", acrescentou Malmstrom.

"Infelizmente, não alcançamos um acordo (...) Outros devem dizer se existiu em algum momento a vontade" de alcançá-lo, acrescentou.

Diante da perspectiva de que o acordo comercial começasse a vigorar em 1º de janeiro, Moscou suspendeu na semana passada a participação da Ucrânia na União Alfandegária, selada com uma dezena de países do Cáucaso e da Ásia Central.

Moscou tinha ameaçado endurecer seu regime alfandegário para as mercadorias ucranianas para defender seu mercado contra a entrada "descontrolada" de mercadorias de países terceiros, em particular da União Europeia, através do território ucraniano.

Neste contexto, o premiê russo, Dimitri Medvedev, confirmou nesta segunda-feira que a Rússia estenderá para a Ucrânia, em 1º de janeiro, o embargo aos produtos alimentícios já imposto aos países da UE.

Segundo Kiev, as perdas com estas medidas chega a 600 milhões de dólares em exportações anuais.

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