Rajoy centra nos socialistas manobras para formar governo na Espanha

Madri, 22 dez 2015 (AFP) - O Partido Socialista espanhol, chave na formação de um próximo governo, rejeitou nesta terça-feira os avanços do chefe do Executivo em fim de mandato, o conservador Mariano Rajoy, em seu esforço para conservar o cargo, prevendo negociações longas e incertas.

A emergência de dois novos partidos nas legislativas do domingo - Podemos, de esquerda radical, e Ciudadanos, de centro-direita - exige alianças ao menos tácitas para obter o cargo por uma maioria de deputados.

O PSOE já havia afirmado na segunda-feira que votaria 'não' a um governo do Partido Popular (PP) de Rajoy. E nesta terça-feira, depois que o governante ofereceu na véspera abrir um "diálogo", não se mexeu nenhum pouco.

"As diferenças entre o PP e o Partido Socialista são tão grandes", reafirmou Antonio Hernando, porta-voz do grupo parlamentar socialista, que "nossa conclusão é definitiva: não vamos apoiar uma candidatura do PP".

"Nós nunca iremos fazer Mariano Rajoy presidente do governo", insistiu o socialista madrilenho Miguel Carmona. O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, não compareceu, nem fez declarações desde o domingo.

Os socialistas se mostravam assim imutáveis diante dos pedidos de Rajoy, que na noite de segunda-feira assegurou que a fragmentação do Parlamento não pode causar uma situação de "paralisação, de bloqueio e de inação".

Sua formação, o conservador Partido Popular (PP), perdeu a maioria absoluta apesar de ter vencido, com 28,7 dos votos e 123 deputados em uma câmara de 350.

Para governar, necessita obter pelo menos a neutralidade do PSOE que, com suas 90 cadeiras somadas às 69 do partido anti-austeridade Podemos e às duas da Esquerda Unida, pode fechar-lhe as portas.

Diante desta situação, Rajoy propôs um "processo de diálogo" com os outros partidos que, como o PP, defendem "a unidade da Espanha", a "estabilidade" e as "regras da União Europeia". Ou seja, o PSOE e o centrista Ciudadanos.

"Corresponde ao partido socialista dar o próximo passo", disse Albert Rivera, líder do Ciudadanos, que ofereceu a abstenção de seus 40 deputados para que Rajoy governe em minoria, chamando "à responsabilidade e ao sentido de Estado".

Mas a possibilidade de uma simples abstenção é inimaginável para os socialistas, considera o cientista político Pablo Simón: "implicaria reconhecer que facilitaram um governo do PP".

O Podemos, que tenta ganhar o lugar do PSOE acusando-o de fazer "velha política" e associando-o aos conservadores, se beneficiaria deste "suicídio político".

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