China condena advogado ativista a três anos de prisão sob sursis

Pequim, 22 dez 2015 (AFP) - O advogado Pu Zhiqiang, um famoso ativista dos direitos humanos na China, julgado por publicar na internet críticas ao governo, foi condenado nesta terça-feira a três anos de prisão, mas com a suspensão condicional da pena.

Pu, de 50 anos, é famoso por ter defendido na justiça as vítimas dos campos de reeducação por meio do trabalho forçado, assim como o famoso artista Ai Weiwei.

O advogado está detido há um ano e meio por ter publicado entre 2011 e 2014 sete mensagens na rede social Sina Weibo, o equivalente chinês do Twitter.

Nos textos, Pu criticava a incompetência e as "mentiras" do Partido Comunista, ao mesmo tempo que denunciava as políticas repressivas de Pequim no Tibete e na região de maioria muçulmana de Xinjiang.

Pu, que corria o risco de receber uma pena de oito anos de prisão, foi condenado a três anos com a suspensão condicional da pena, afirmou o advogado Mo Shaoping.

Ele foi considerado culpado por "incitação ao ódio racial" e de "provocar discórdia e estimular a perturbação", segundo a imprensa estatal, que informou que o advogado não vai apelar da sentença.

"Não estamos satisfeitos com o veredicto porque havíamos solicitado a absolvição e esta condenação reafirma sua culpabilidade", disse o advogado Mo.

O caráter de suspensão condicional da pena implica que Pu deve sair da prisão, "mas não será um homem livre, será, como antes, suscetível de ser detido de forma arbitrária", completou o advogado do réu.

Pu Zhiqiang será submetido a um controle periódico das autoridades e terá que pedir autorização para sair de Pequim.

Um grande dispositivo de segurança foi mobilizado ao redor do tribunal de Pequim, incluindo a presença de integrantes das forças de segurança à paisana.

Pelo menos três simpatizantes de Pu foram afastados de maneira violenta do tribunal, ao mesmo tempo que vários policiais confiscaram por alguns minutos as credenciais de imprensa de alguns repórteres.

"Pu Zhiqiang é um homem bom. Defender as pessoas se tornou um crime?", perguntou uma militante, antes de ser levada para uma viatura policial por homens à paisana.

"Para de fazer teatro, há jornalistas estrangeiros aqui", respondeu um policial.

A ONG Anistia Internacional lamentou a decisão, que considerou uma "imensa injustiça".

"É uma boa notícia porque é provável que Pu Zhiqiang não volte a dormir na prisão, mas não é um criminoso e este veredicto de culpabilidade vai impedir que um dos mais emblemáticos defensores dos direitos humanos na China possa trabalhar", afirmou William Nee, pesquisador da Anistia.

"É um dos defensores chineses da liberdade de expressão mais corajosos e foi julgado simplesmente por ter exercido este direito", completou.

As pressões sobre os advogados são frequentes na China, um país onde a justiça continua sendo extremamente controlada pelo poder político.

Com a presidência de Xi Jinping, Pequim aumentou a repressão às vozes críticas da sociedade civil - juristas, militantes, universitários -, com dezenas de detenções.

Vários advogados de defesa dos direitos humanos foram detidos em julho em vários pontos do país.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos