Líbia avança lentamente rumo a um governo de união

Em Beirute

Trípoli, 26 Jan 2016 (AFP) - O processo complicado para preencher o vácuo político na Líbia continuará nos próximos dias, quando se tentará criar um governo de união, apesar da rejeição pelo Parlamento na segunda-feira.

Fayez al-Sarraj, o primeiro-ministro designado após um acordo auspiciado pela ONU, comprometeu-se a propor uma nova formação de governo nos próximos três dias.

A nova proposta indicará um executivo "mais restrito" em relação ao que foi apresentado e rejeitado na segunda-feira. A principal razão para a negativa foi o fato de que previa 32 ministros, um número considerado excessivo, indicou à AFP Fathi Ben-Issa, conselheiro deste governo.

A nova composição será submetida ao voto deste Parlamento, reconhecido pela comunidade internacional, com sede em Tobruk (leste).

O chefe da missão da ONU na Líbia, Martin Kobler, pediu às autoridades que "tomassem as decisões necessárias o mais rápido possível". Contudo, não será fácil a tarefa de equilibrar em um governo com menos ministros as diferentes regiões, grupos e milícias ativas no país.

Nos últimos meses, a comunidade internacional aumentou a pressão sobre os distintos grupos para que se unissem, possibilitando, assim, fazer frente aos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Vários países, incluindo Estados Unidos, Itália e França, estão dispostos a contribuir com ajuda militar contra o EI, mas pedem o restabelecimento de uma autoridade central.

A Líbia, um país rico em petróleo, está mergulhado no caos desde o fim da revolução que pôs fim ao regime de Muammar Kadhafi em 2011.

Aproveitando o vácuo político, o EI tomou o controle de Sirte, 450 km a leste de Trípoli, e seus arredores. Graças a seus três mil combatentes, segundo estimativas ocidentais, o grupo lançou, no início de janeiro, uma ofensiva contra uma rica zona petroleira do leste do país.

Após rejeitar o governo de união, o parlamento de Tobruk também decidiu atrasar o voto sobre o acordo político firmado no último dezembro em Sjirat, no Marrocos, por deputados, políticos e representantes da sociedade civil sob os auspícios da ONU.

Os deputados pedem a revisão de uma cláusula sobre o controle da hierarquia militar porque temem que seja questionado o papel preponderante do general Khalifa Hafter, líder das forças reconhecidas pela comunidade internacional.

"A atual comissão encarregada de representar o Parlamento no diálogo auspiciado pela ONU será dissolvida e uma nova equipe será nomeada, na próxima segunda-feira, para negociar a supressão" deste artigo, indicou o deputado Saltana al-Mismari.

O chefe da missão da ONU reagiu ao anúncio afirmando que continuará "se consultando com todas as partes para encontrar uma solução consensual".

As discussões sobre esta questão também poderiam se complicar porque o governo rival - o chamado Congresso Geral Nacional (CGN), instalado há um ano e meio em Trípoli - pede, como condição, que o general Hafter seja afastado.

Há alguns meses, Hafter executa uma operação militar contra grupos que considera terroristas em Benghazi (leste), cidade onde atuam várias milícias islamitas armadas.

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