Trump e Hillary saem na frente na 'Super Terça'

Washington, 2 Mar 2016 (AFP) - A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump marcaram pontos cruciais nas prévias desta "Super Terça" nos Estados Unidos - é o que apontam as projeções das votações nos 12 estados em jogo hoje na corrida pela indicação partidária rumo à Casa Branca.

"Obrigado, Geórgia", "Obrigado, Massachusetts", "Obrigado, Tennessee", "Obrigado, Alabama", "Obrigado, Virgínia", celebrou Trump, no Twitter.

Em pronunciamento na Flórida, o magnata garantiu que conseguirá unir o partido para a eleição presidencial, em 8 de novembro deste ano.

"Acho que seremos mais inclusivos e mais unidos. Acho que seremos um partido muito maior. Acho que vamos ganhar em novembro", declarou após a vitória em pelo menos cinco estados americanos.

Na conversa com os eleitores, Donald Trump disse que não vai comentar decisões de campanha de Ted Cruz e Marco Rubio e não economizou na ironia.

"Sei que esta noite é muito dura para Marco Rubio. Teve uma noite difícil. Trabalhou muito, gastou um montão de dinheiro. Mas não é um peso pesado, já lhe disse isso muitas outras vezes", afirmou.

No Texas e em Oklahoma, sua retórica contra os imigrantes em situação ilegal e sua proposta de erguer um muro na fronteira com o México racharam os dois estados, que terminaram optando pelo senador ultraconservador Ted Cruz.

Em aparente mensagem ao também pré-candidato republicano e senador Marco Rubio, Cruz fez um apelo: "aqueles candidatos que ainda não ganharam um estado, que não conseguiram muitos delegados, eu lhes peço que considerem se somar, unindo-se a nós".

"Damos as boas-vindas em nossa equipe aos que apoiaram outros candidatos", insistiu.

"Enquanto estivermos divididos, a indicação de Trump é mais provável. E isso seria um desastre para os republicanos, para os conservadores e para o país", completou.

Hillary acena para SandersComo era esperado, no duelo democrata a ex-secretária de Estado Hillary Clinton ganhou nos estados da Geórgia, Arkansas, Virgínia, Alabama e Tennessee, assim como no Texas, de acordo com as projeções das TVs.

Com isso, ela caminha para consolidar sua vantagem em relação ao senador Bernie Sanders, que obteve uma clara vitória em Vermont, seu estado natal, e também em Oklahoma.

A vitória de Hillary no Arkansas era dada como certa, já que seu marido, Bill, foi governador neste estado por dois mandatos (1979-1981/1983-1992).

"Felicito o senador Sanders por sua forte campanha", afirmou uma exultante Hillary, a seus simpatizantes em Miami.

Com um discurso a seus partidários em Burlington, capital de Vermont, Sanders agradeceu - em tom de despedida.

"Significa muito para mim que aqueles que me conhecem melhor, aqueles que me conheceram antes de ser eleito, aqueles que me conheceram como prefeito, congressista e senador, tenham votado fortemente para nos levar à Casa Branca", declarou.

Esta "Super Terça" foi um dia crítico para os pré-candidatos, em especial republicanos, já que o número de delegados eleitos representa quase metade do número necessário para garantir a vitória na convenção nacional do partido. São 19% dos delegados internos pelo Partido Democrata e 24% pelos republicanos.

Entre os estados que disputaram primárias e "caucuses" (assembleias) nesta terça, destaca-se o Texas, com um dos maiores colégios eleitorais do país.

Republicanos e democratas realizam suas convenções nacionais em julho para formalizar seus respectivos candidatos à eleição de novembro. Nesse dia, os americanos escolhem aquele que substituirá o presidente Barack Obama na Casa Branca.

Cenário desoladorNo caso de Trump, seu favoritismo claramente chega acompanhado de uma crise sem precedentes no Partido Republicano, fundado em 1854.

Assim como Trump, o senador Ted Cruz também é detestado pela direção do partido, mas a alternativa viável, o senador Marco Rubio, parece incapaz de reduzir a distância que o separa do líder magnata.

Neste panorama, Rubio e Cruz passaram a usar as mesmas armas de Trump, e a campanha se transformou em um verdadeiro festival bizarro de insultos, golpes baixos e discursos com menções a cuecas sujas, críticas à quantidade de suor, ou até alusões à confiabilidade de homens com mãos pequenas.

"Donald Trump é uma séria ameaça para o futuro do nosso partido e do nosso país", lançou Rubio, em carta aberta aos eleitores, pouco depois do início da apuração.

"Nos últimos dias, Trump se recusou a condenar a supremacia branca e o Ku Klux Klan, elogiou os ditadores Saddam Hussein e Muamar Kadhafi e propôs infringir a Primeira Emenda da nossa Constituição", escreveu Rubio, referindo-se à garantia da liberdade de expressão, religião e de imprensa prevista por lei.

Uma das mais respeitadas lideranças republicanas, o senador John McCain comentou que é "perturbador" o (baixo) nível da campanha do partido. Em 2008, McCain disputou a Casa Branca com Obama.

Em um ato público na segunda-feira, Trump ridicularizou Rubio pela forma como transpirava no último debate e afirmou que "não podemos ter este tipo de gente negociando com os chineses, ou com (o líder russo Vladimir) Putin".

Quadro menos turbulentoEntre os democratas, a situação parece menos turbulenta, em especial após a vitória esmagadora de Hillary sobre Sanders na interna partidária da Carolina do Sul e nesta "Super Terça".

A ex-secretária de Estado havia iniciado a campanha como uma favorita intocável, mas os dois primeiros capítulos da disputa interna (em Iowa e New Hampshire) deixaram claro que esta vantagem poderia desaparecer de uma hora para outra.

Uma forte campanha de críticas a Sanders nas últimas duas semanas parece ter devolvido a Hillary a liderança e a autoconfiança nesta "Super Terça".

As pesquisas apontam que Hillary ou Sanders ganhariam um eventual duelo com Trump, com uma margem ligeiramente mais confortável para o senador (55% contra 43%) do que para a ex-secretária (52% frente 44%).

Em um rápido encontro com jornalistas nesta terça, Hillary garantiu: "quem quer que seja indicado (entre os republicanos), estarei preparada para enfrentá-lo, caso tenha a sorte de conseguir a indicação".

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