Irã: divergência marca declarações de ministros sobre acordo nuclear



Lausanne, Suíça, 1 Abr 2015 (AFP) - As discussões sobre o programa nuclear iraniano foram suspensas na madrugada desta quarta-feira com versões divergentes sobre o progresso das negociações: Rússia e Irã falaram em um princípio de acordo, enquanto os Estados Unidos manifestaram ressalvas.

Os chanceleres do grupo P5+1 (EUA, China, França, Rússia, Grã-Bretanha e Alemanha) e do Irã se separaram logo após a 1h local de quarta-feira (20h de terça em Brasília), depois do fim do prazo de 31 de março fixado para se obter um acordo preliminar sobre o programa nuclear de Teerã.

"Bons avanços foram feitos nas discussões. Decidimos recomeçar por volta das 6h ou 7h (horário local) e esperamos concluir hoje (quarta-feira). Depois, começaremos a redação do acordo final", declarou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, acrescentando que espera sua conclusão nesta quarta-feira.

Declarações parecidas foram dadas pelo chanceler russo, Serguei Lavrov. Segundo ele, os representantes dos países-membros do P5+1 e do Irã chegaram a um acordo de princípios sobre todos os pontos-chave do programa nuclear iraniano.

"Podemos dizer que, com uma relativa certeza, em nível ministerial, chegamos a um acordo de princípios sobre todos os aspectos-chave do acerto final desse tema, que começa a ser colocado no papel nas próximas horas, ou dentro de um dia", declarou Lavrov, citado pela agência de notícias russa Ria Novosti.

Lavrov acrescentou que "o anúncio do acordo de princípios será feito por Zarif e por (Federica) Mogherini", a chefe da diplomacia da União Europeia.

Segundo o ministro russo, "os detalhes técnicos serão finalizados pelos especialistas antes do fim de junho", quando as partes envolvidas devem concluir um acordo final para acabar com mais de 12 anos de crise sobre o tema.

No sentido contrário, um veterano funcionário do governo americano disse à AFP que ainda não há um consenso total sobre os pontos-chave de um acordo para limitar o programa nuclear do Irã.

"Nem todas as questões foram resolvidas", disse essa fonte à AFP, depois das declarações de Lavrov à agência Ria Novosti.

Ao final da reunião em Lausanne, o presidente americano, Barack Obama, reuniu-se em Washington com seus assessores do Conselho de Segurança Nacional para analisar o resultado das negociações.

"O presidente foi posto a par do avanço das negociações pelos secretários (de Estado, John) Kerry e (da Energia, Ernie) Moniz, assim como por outros membros da equipe de negociações de Lausanne", disse a porta-voz do Conselho, Bernadette Meehan, acrescentando que Obama agradeceu aos negociadores por seus esforços.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, deixou as negociações e disse que voltará "quando for útil" - informou seu gabinete.

Fabius "volta para Paris para participar do Conselho de Ministros. Ele retornará quando isso for útil", afirmou a fonte consultada pela AFP.



Persistem três pontos de atritoTrês pontos-chave continuam a bloquear uma solução: a duração do acordo, o fim das sanções da ONU e o mecanismo de garantia e controle.

No ponto que diz respeito à duração do acordo, as grandes potências desejam um quadro estrito de controle das atividade nucleares iranianas por ao menos 15 anos, mas o Irã não quer se comprometer além de 10 anos.

Na questão da retirada das sanções da ONU, os iranianos querem o fim de todas as sanções econômicas e diplomáticas, consideradas humilhantes, assim que o acordo for assinado, mas as grandes potências desejam uma retirada gradual dessas medidas ligadas à proliferação nuclear e adotadas a partir de 2006 pelo Conselho de Segurança da ONU.

Em caso de retirada de algumas dessas sanções, certos países do 5+1 querem um outro mecanismo que permitiria reimpor rapidamente as punições em caso de descumprimento por Teerã de seus compromissos.

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