Milhares de pessoas honram soldados mortos em Galípoli há cem anos

Galipoli, Turquía, 25 Abr 2015 (AFP) - Dezenas de milhares de pessoas, entre elas muitos australianos e neozelandeses, honraram neste sábado a memória de seus antepassados mortos na batalha de Galípoli, há exatamente 100 anos, durante a Primeira Guerra Mundial.

Os primeiros-ministros de Austrália, Tony Abbott, e Nova Zelândia, John Key, presidiram a famosa cerimônia do amanhecer, na hora exata em que os primeiros soldados dos dois países desembarcaram, em 25 de abril de 1915, na cidade turca, sob o fogo das tropas do Império Otomano.

Cerca de 11.500 soldados do Anzac, o exército conjunto da Austrália e da Nova Zelândia durante o conflito, perderam a vida em Galípoli, em uma guerra de trincheiras que durou nove meses.

Apesar da derrota, o heroísmo dos jovens soldados australianos e neozelandeses, que viviam seu primeiro conflito, contribuiu para formar a identidade nacional dos dois países.

A cerimônia contou com a presença de descendentes dos soldados, envolvidos em bandeiras de seus países para se proteger do frio, no mesmo local onde os confrontos começaram.

"Como cada geração desde a batalha, estamos aqui em Galípoli porque acreditamos que os soldados do Anzac representam o melhor dos australianos", declarou Abbott.

"Eram comerciantes, trabalhadores, agricultores ou fazendeiros (...) provenientes de todas as camadas da sociedade", lembrou, "homens comuns que fizeram coisas extraordinárias".

O herdeiro da Coroa britânica, o príncipe Charles, esteve ao lado dos dois primeiros-ministros durante o ato que reuniu milhares de pessoas.

A 20.000 quilômetros dali, foram organizadas cerimônias religiosas e desfiles pelo "Anzac Day", festa nacional na Austrália e na Nova Zelândia.

"Amaram e foram amados, estavam dispostos a dar suas vidas por suas convicções, sofriam, como nós, o medo e a desesperança humana", disse o chefe do exército australiano, David Morrisson, em um discurso pronunciado no Australian War Memorial de Canberra diante de 120.000 pessoas.

Na Nova Zelândia, uma multidão de 20.000 pessoas prestou homenagem aos mortos na Turquia no memorial da guerra, em Wellington.



Homenagem compartilhada

Em Londres, a rainha Elizabeth presidiu uma cerimônia às 10h00 GMT (07h00 de Brasília) no monumento que homenageia os mortos. Acompanhada de seu marido, o duque Philip de Edimburgo, e de seu neto William, a rainha depositou flores

A batalha de Galípoli começou em fevereiro de 1915 quando uma flotilha franco-britânica tentou abrir caminho pelo estreito de Dardanelos para conquistar Istambul, a capital do Império Otomano, aliado da Alemanha.

Seu fracasso obrigou os aliados a desembarcar em Galípoli, dando início a uma guerra de trincheiras de nove meses que deixou mais de 400.000 mortos ou feridos nos dois grupos, e terminou com uma retirada humilhante.

Em uma praia da península de Galípoli, cidadãos australianos e turcos celebraram a fraternidade redescoberta entre dois antigos inimigos.

"É comovente ver os australianos e os neozelandeses aqui", explicou Sedat Guler, um estudante turco que percorreu 260 quilômetros desde Istambul para acompanhar a homenagem. "O que sentem hoje nós também sentimos. Viemos até aqui para compartilhar esta emoção".

Na sexta-feira, o chefe de Estado turco, Recep Tayip Erdogan, presidiu a grande cerimônia oficial do centenário, enviando uma mensagem de paz e reconciliação.

Suas palavras foram, no entanto, ofuscadas por outro aniversário celebrado no mesmo dia, o do genocídio armênio, realizado pelo Império Otomano entre 1915 e 1917.

O governo de Ancara voltou a provocar muitas críticas por se negar a reconhecer o caráter planejado deste massacre.

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