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Incêndio em fábrica de sapatos deixou 72 mortos nas Filipinas

Erik De Castro/Reuters
Imagem: Erik De Castro/Reuters

Em Manila

14/05/2015 06h35

Setenta e duas pessoas morreram no incêndio de uma fábrica de sapatos na região metropolitana de Manila, um local, segundo parentes das vítimas, que explorava os trabalhadores e não contava com medidas para evitar tragédias deste tipo.

Os bombeiros e a polícia retiraram dezenas de corpos do edifício de dois andares nesta quinta-feira, um dia depois do incêndio. Os funcionários não teriam recebido treinamento para deixar o local em caso de chamas.

"Definitivamente, alguém será indiciado pelas mortes. Não importa se foi um acidente, pessoas morreram. Agora estamos investigando para determinar o que aconteceu. Com certeza alguém será indiciado", disse o chefe da polícia nacional, Leonardo Espina.

O incêndio teria começado depois que material inflamável armazenado pegou fogo após o contato com as faíscas de um soldador que era utilizado em uma porta.

No início da tarde desta quinta-feira, 72 corpos haviam sido retirados do edifício, informou à AFP Rex Gatchalian, prefeito de Valenzuela, cidade em que aconteceu a tragédia.

Gatchalian acredita que este será o balanço definitivo.

A fábrica, que ficava dentro de um prédio em um distrito industrial de Valenzuela, ao norte da capital filipina, produzia calçados para o mercado local.

Os funcionários recebiam um pagamento inferior ao salário mínimo, trabalhavam cercados de produtos químicos e não receberam treinamento sobre as normas de segurança contra incêndios, denunciaram os sobreviventes e os parentes das vítimas.

"As famílias não conseguiram ajudar, mas estão furiosas com o que aconteceu, Jamais esqueceremos", disse Rodrigo Nabor, que tinha duas irmãs que trabalhavam na fábrica.

Nabor é um dos parentes que aguardavam em uma sala da prefeitura, transformada em necrotério improvisado, pela chegada dos corpos.

Suas irmãs, Bernardita Logronio, 32 anos, e Jennylyn Nabor, 26, reclamavam com frequência do cheiro dos produtos químicos da fábrica, disse Nabor.

O sobrevivente Lisandro Mendoza, de 23 anos, contou que escapou pela porta dos fundos e confirmou que a empresa não apresentou instruções sobre as normas de segurança nem organizou uma simulação de incêndio nos últimos cinco meses, tempo que trabalhava no local.

Mendoza revelou que trabalhava 12 horas por dia, os sete dias da semana, por 3.500 pesos (79 dólares), misturando componentes químicos.

Outra sobrevivente, Janet Victoriano, também citou as poucas medidas de segurança contra incêndios da fábrica.

"Nunca participei de uma simulação de incêndio", disse Victoriano, que trabalhava no local há cinco anos.

Os incêndios letais são frequentes nas áreas pobres das Filipinas.