'Je suis Charlie': professores e alunos vão às ruas após ameaça

Saint-Maur-des-Fosses, França, 22 Mai 2015 (AFP) - Professores e alunos de uma escola francesa manifestaram na quinta-feira seu apoio ao estudante ameaçado de morte, após a publicação, no fim de janeiro, de um número especial dedicado à revista "Charlie Hebdo" no jornal escolar editado por ele.

Autoridades da área de Educação disseram que a segurança do colégio será reforçada e que o rapaz terá proteção policial especial, "se necessário".

Em reação aos atentados ocorridos em Paris, Louis, de 17 anos, editou um número especial de "La Mouette bâillonnée", o jornal do Instituto Marcellin-Berthelot, estabelecimento com 2.300 alunos situado em Saint-Maur-des-Fossés (sudeste de Paris).

Intitulada "Je suis Charlie", a edição de 22 de janeiro trouxe artigos de opinião, poemas e ilustrações, mas nenhuma charge de Maomé.

"Era uma homenagem sem discriminação às 17 vítimas, para os judeus, os jornalistas, os policiais", explicou o estudante à AFP.

Um dia depois da difusão do jornal, Louis descobriu na caixa de correio da publicação uma carta com a capa do periódico, marcada com uma cruz gamada e com um caixão. Na correspondência, também havia ameaças de morte. O jovem denunciou o fato à polícia, que abriu uma investigação.

Desde o final de janeiro, o rapaz recebeu sete ameaças de morte, duas delas acompanhadas de várias balas. A última, no início de maio, tinha "um ar de ultimato", segundo ele.

Louis garante que dorme apenas algumas horas, não pode sair sozinho na rua e que sempre carrega dois sprays de gás lacrimogêneo. Quando sai da aula, o diretor, ou o subdiretor, sempre o acompanham até em casa.

A mãe do garoto disse estar bastante preocupada com o estado psicológico do filho.

"Isso está acontecendo há meses", reclamou o professor de História Pascale Morel, acrescentando que "não dissemos nada no início, enquanto a investigação (da polícia) estava em andamento, mas nada de concreto foi feito".

O diretor do "Charlie", o cartunista Laurent Sourisseau, conhecido como "Riss", manifestou seu apoio ao estudante, declarando que "alguém que recebe ameaças desse tipo deveria ser protegido".

Uma fonte da Justiça consultada pela AFP disse que o caso está sendo levado "muito a sério", e que estão sendo realizadas análises biológicas das cartas.

Os atentados de janeiro afetaram o instituto diretamente. Um dos alunos perdeu o pai no ataque ao prédio do "Charlie Hebdo", e o tio de uma estudante morreu em um supermercado kosher, vítima de Amédy Coulibaly.

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