Boko Haram desmente recentes vitórias da coalizão internacional na Nigéria

Maiduguri, Nigéria, 2 Jun 2015 (AFP) - Homens que afirmam pertencer "ao Estado islâmico na África Ocidental" - o novo nome do grupo islamita nigeriano Boko Haram - negaram ter sofrido derrotas para a coalizão internacional em um novo vídeo divulgado nesta terça-feira.

Ao mesmo tempo, um ataque suicida fez 13 mortos em um mercado de gado lotado na localidade de Maiduguri, reduto do Boko Haram no nordeste da Nigéria.

No vídeo de 10 minutos postado no Youtube, no qual não aparece o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, um homem não identificado com o rosto coberto com um lenço diz que, apesar da operação militar lançada em fevereiro por Nigéria, Camarões, Chade e Níger, e das recentes vitórias anunciadas pela coalizão, "quase todo o território ainda está sob controle" do grupo islâmico.

O vídeo leva o logotipo do "Estado Islâmico na África Ocidental" - um novo nome que surgiu após o juramento de lealdade do Boko Haram, no início deste ano, ao grupo Estado Islâmico, que apreendeu grandes faixas de território no Iraque e na Síria.

No último vídeo do Boko Haram, publicado em fevereiro, Abubakar Shekau prometeu atrapalhar a realização das eleições presidenciais e legislativas - uma ameaça que não se concretizou.

O líder do Boko Haram aparece na maioria dos vídeos publicados pelo grupo nos últimos três anos, e sua ausência neste vídeo pode reabrir o debate sobre a sua possível morte.

O exército nigeriano anunciou várias vezes ter matando Shekau, indicando que as pessoas que aparecem nos vídeos não passam de sósias se passando pelo líder islâmico.

O protagonista deste novo vídeo aparece ao lado de duas pick-ups, cercado por quatro homens armados e mascarados. Ele se expressa em hausa, a língua mais falada no norte da Nigéria, e sua mensagem é legendada em inglês e árabe.

"Os exércitos dizem na mídia que capturaram nossas cidades e que atacaram (a floresta) de Sambisa e nos venceram", diz.

"Eu juro por Allah que estou falando neste momento de Sambisa", a floresta do estado de Borno (nordeste) e reduto dos islamitas. "Aqui em Sambisa, podemos viajar por quatro ou cinco horas sob a bandeira negra do Islã, de carro ou moto", acrescenta.

Neste contexto, o novo presidente nigeriano Muhammadu Buhari, que foi empossado na sexta-feira, prometeu fazer da luta contra o Boko Haram uma prioridade.

Ele anunciou sua intenção de mudar para Maiduguri o centro de comando do exército encarregado de combater a insurgência, até agora localizado em Abuja, a capital federal (850 km de Maiduguri).

Desde a posse de Buhari, Maiduguri foi palco de uma série de atentados suicidadas.

Nesta terça-feira, uma explosão atingiu um mercado de carnes na capital do estado de Borno às 13h00 (9h00 de Brasília), no momento em que os vendedores se preparavam para deixar o mercado, declarou um miliciano, Shettima Bulama.

"Estamos tentando separar os restos humanos das carcaças de gado espalhados por todo o canto (...) o suicida escolheu o local mais frequentado do mercado para acionar seus explosivos", indicou.

O porta-voz da Cruz Vermelha nigeriana, Umar Sadiq, declarou em um SMS que "13 mortos e 24 feridos" foram transportados a dois hospitais da cidade.

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