Ucrânia acusa rebeldes pró-russos de lançar ofensiva contra exército

Kiev, 3 Jun 2015 (AFP) - A Ucrânia acusou nesta quarta-feira os rebeldes pró-russos do leste do país de lançarem "uma grande ofensiva" contra as posições do exército ucraniano, apesar do cessar-fogo em vigor no país, enquanto a Rússia denunciou as provocações ucranianas.

Os separatistas negaram, por sua vez, ter lançado uma ofensiva contra as tropas de Kiev, mas confirmaram que ocorriam combates perto de Mariinka, a cerca de 20 km de seu reduto de Donetsk.

Trata-se do maior ataque denunciado por Kiev desde a tomada pelos rebeldes do enclave ferroviário estratégico de Debaltseve, entre os redutos rebeldes de Donetsk e Lugansk, pouco após a entrada em vigor da trégua, em 15 de fevereiro, após os acordos de paz de Minsk.

"Por volta das 04h00, os terroristas russos, em violação aos acordos de Minsk, lançaram uma grande ofensiva contra as posições ucranianas (...). O inimigo enviou mais de 10 tanques e até 1.000 homens contra as forças ucranianas a caminho de Mariinka", a 20 km do reduto separatista de Donetsk, informou o estado-maior do exército em um comunicado.

As autoridades ucranianas já haviam denunciado horas antes um ataque com artilharia e tanques contra suas posições em Mariinka, mas o porta-voz militar de Kiev, Andrii Lisenko, havia descartado uma ofensiva de peso.

As armas de calibre superior a 100 milímetros deveriam ter sido retiradas do front, segundo os acordos de paz de Minsk assinados em fevereiro.



Passagens fechadas

Segundo Viatcheslav Abroskin, chefe da polícia da região de Donetsk, leal a Kiev, os rebeldes recorreram igualmente a lança-foguetes múltiplos Grad, que também deveriam ter sido distanciados da linha de combate.

O número de vítimas neste novo incidente ainda incerto nesta quarta à noite.

O "ministro" da Defesa da auto-proclamada República Popular da Donetskda RPD, Vladimir Kononov, relatou 15 mortes, de acordo com a agência oficial separatista.

Enquanto um representante dos serviços de segurança ucranianos (SBU), Markian Loubkivski, avançou um balanço similar no Facebook.

Segundo o SBU, 10 rebeldes foram mortos nos confrontos, assim como quatro membros da inteligência militar russa(GRU).

Mais de 80 rebeldes teriam sido feridos, de acordo com a mesma fonte.

Do lado ucraniano, um representante da secretaria de Saúde da região de Donetsk, Volodymyr Kolessnik, relatou apenas seis civis e 11 soldados feridos em Mariinka.

Em razão do tiroteio, todos os postos de controle nas mãos de Kiev foram fechados ao trânsito, bloqueando centenas de veículos.

"Estamos esperando no sol há horas, os soldados dizem que há numerosos explosivos não detonados mais abaixo na estrada e que há combates", relatou à AFP uma mulher de 30 anos de idade, Inna, bloqueada em Volnovakha, 35 km ao sul de Donetsk.



Insígnia russa

Enquanto os rebeldes negaram a ofensiva, Dmitri Peskov, porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, denunciou "as provocações do exército ucraniano que, tanto quanto podemos dizer, provoca em grande medida a situação".

Essas informações provocam temores pelos acordos de Minsk, assinados a fim de acabar com uma crise que conduziu a uma confrontação sem precedentes desde a guerra Fria entre a Rússia e os ocidentais.

O conflito entre o exército ucraniano e os rebeldes deixou mais de 6.400 mortos desde seu início, em abril de 2014. Kiev e o Ocidente acusam o Kremlin de apoiar e armar os separatistas pró-russos, o que Moscou nega.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmou, no entanto, em um relatório publicado na semana passada ter visto quatro soldados e um veículo com insígnias russas perto de Donetsk.

Na terça-feira, uma reunião em Minsk para o avanço dos acordos de paz foi adiada.

"A Rússia prejudicou a reunião de ontem e hoje ordenou que seus terroristas lançassem uma operação militar", disse o primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk.

Sinal da crescente tensão entre a Ucrânia e seu vizinho russo, uma estátua de Lênin, símbolo da era soviética e dominação de Moscou, foi derrubada pelos ultranacionalistas ucranianos em Slavyansk.

Em Donetsk, o "presidente" Alexander Zakharchenko anunciou que ONGs estrangeiras apoiando "pontos de vista nacionalistas" ucranianos seriam em breve banidas.

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