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Proprietários e tripulação de balsa que naufragou nas Filipinas são acusados de homicídio

04/07/2015 08h41

Manila, 4 Jul 2015 (AFP) - A justiça das Filipinas indiciou os proprietários e a tripulação da balsa que naufragou na quinta-feira, fazendo mais de 50 mortos, informou neste sábado uma fonte policial.

O comandante da polícia local, o superintendente Asher Dolina, declarou que sexta-feira à noite as autoridades de Ormoc apresentaram as acusações de homicídio contra os responsáveis pelo naufrágio da balsa Kim Nirvana.

Dolina disse à AFP que, de acordo com dados preliminares da investigação, a balsa virou abruptamente em frente ao porto filipino.

"Não tiveram cuidado, o que mostra que houve a intenção de matar. Eles foram imprudentes", estimou o oficial.

No total, 19 pessoas foram indiciadas, incluindo o operador do barco, Joge Bong Zarco, o capitão, Warren Oliviero, e 17 membros da tripulação.

Segundo a lei das Filipinas, o homicídio é punível com até 40 anos de prisão.

A investigação conduzida pela polícia é independente do inquérito realizado pela Guarda Costeira para determinar a causa do acidente, o que também pode contribuir para a imputação de acusações criminais e administrativas.

"Emitimos as acusações assim que nos foi possível, porque queremos que os suspeitos não fujam do país", explicou Dolina.

Segundo dados oficiais, há 56 mortos.

O navio de 33 toneladas, com 173 passageiros e 16 tripulantes, que viajava do porto de Ormoc para as ilhas Camotes, virou 30 minutos depois de zarpar, segundo o governo.

Muitos passageiros eram pequenos vendedores que viajavam para as Ilhas Camotes, habitadas principalmente por pescadores, para entregar diversas mercadorias.

Com manutenção irregular, as balsas representam um dos principais meios de transporte do país, que tem mais de 7.100 ilhas.

Os acidentes marítimos são frequentes no país e em alguns casos provocam centenas de mortes.

Em agosto de 2013, a balsa S. Tomás Aquino, que transportava 830 passageiros, naufragou na área do porto de Cebu, após uma colisão com um cargueiro. Pelo menos 71 pessoas morreram e 50 foram declaradas desaparecidas.

Em junho de 2008, mais de 800 pessoas morreram quando o navio 'Princess Of The Stars' afundou na ilha de Subayan, durante a passagem do tufão Fengshen.

A pior catástrofe marítima registrada no mundo em tempos de paz deixou 4.300 mortos em dezembro de 1987, quando uma balsa colidiu com um pequeno petroleiro nas costas de Manila.

As Filipinas sofrem a cada ano com a passagem de quase 20 tufões e violentas tempestades tropicais, que geralmente provocam o naufrágio de embarcações e deixam muitos mortos. O país é a primeira massa de terra encontrada pelos fenômenos que nascem no Pacífico.

Em novembro de 2013, a passagem do tufão Haiyan devastou a ilha de Leyte e deixou 7.300 mortos no leste do país.