Premiê sérvio irá a Srebrenica para 20º aniversário do genocídio

Belgrado, 7 Jul 2015 (AFP) - O primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, anunciou nesta terça-feira que viajará a Srebrenica para participar da cerimônia do vigésimo aniversário do massacre perpetrado por forças sérvias na Bósnia, reconhecido como genocídio pela justiça internacional.

"Chegou a hora de mostrar que estamos prontos para a reconciliação, que estamos preparados para homenagear as vítimas. O governo sérvio decidiu hoje à noite que eu representarei a Sérvia, no dia 11 de julho, em Srebrenica", afirmou Vucic.

Ex-ultranacionalista, o premiê converteu-se num pró-europeu convicto e chegou a reconhecer o massacre de 1995 como um "crime de ódio", mas não admite o termo de genocídio.

Uma pesquisa realizada recentemente na Sérvia aponta que 54% das pessoas entrevistadas condenam o massacre, mas 70% recusam-se, como Vucic, a reconhecer o genocídio.

'Mão estendida'Há exatos vinte anos, em julho de 1995, cerca de 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos em Srebrenica, no leste da Bósnia, no pior massacre perpetrado na Europa desde a segunda guerra mundial.

"O governo tomou a decisão de comparecer à cerimônia porque nos, sérvios, temos a obrigação de serem responsáveis, sérios e mostrar que respeitamos as vítimas dos outros. É a única forma de fazer com que comecem respeitas as nossas vítimas", sentenciou Vucic.

"Irei a Srebrenica e representarei a Sérvia de cabeça erguida. Uma Sérvia capaz de reconhecer que indivíduos cometeram crimes, e estes indivíduos têm nomes. Condenamos cada um desses crimes e condenaremos na justiça cada um destes criminosos", insistiu.

"Precisamos viver em paz. Se quiserem me aceitar, eu e minha mão estendida, estou disposto a viajar a Srebrenica", tinha afirmado o premiê no dia 19 de junho, em mensagem a muçulmanos bósnios.

Na cerimônia, 136 vítimas identificadas serão enterradas no memorial de Srebrenica.

Vucic não será o primeiro alto dirigente a visitar o local do massacre. Em 2010, o presidente da época, Boris Tadic, também pró-europeu, foi a Srebrenica para homenagear as vítimas.

Resolução da ONU adiadaPouco antes da confirmação da visita de Vucic no dia 11 de julho, o Conselho de Segurança da ONU adiou para quarta-feira a votação de uma resolução comemorativa dos vigésimo aniversário do genocídio, diante da ameaça de veto da Rússia.

Se for adotado, o texto será a primeira resolução específica sobre o massacre.

No projeto de resolução, proposto pelo Reino Unido, "condena com a maior firmeza possível o genocídio cometido em Srebrenica", deixando claro que seu reconhecimento "condiciona a reconciliação" entre sérvios e bósnios.

O texto também "reafirma a importância de tirar lições do fracasso da ONU em prevenir o genocídio".

A Rússia afirmou que a resolução corre risco de agravar as divisões e insiste demasiadamente nos crimes cometidos pelos sérvios.

Altos responsáveis sérvios pediram para que Moscou imponha seu veto, alegando que o texto é "anti-sérvio".

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