Conheça o mulá Mansur, o sucessor do guia supremo dos talibãs

Cabul, 31 Jul 2015 (AFP) - O mulá Akhtar Mansur, novo líder dos talibãs, era o sucessor natural de mulá Omar por suas origens pashtuns e sua trajetória, apesar de ser mais pragmático e, aparentemente, mais moderado.

As origens dos dois líderes se cruzam. Os dois nasceram no início dos anos 1960 na província de Kandahar, no coração do país pashtun e origem da rebelião talibã que governou o Afeganistão de 1996 a 2001.

Como o mulá Omar, que fugia das câmeras, das entrevistas e aparições públicas, seu sucessor aparece em poucas fotos. Em algumas, é possível ver um homem com uma vasta barba negra e um turbante na cabeça.

O mulá Mansur passou grande parte de sua juventude no Paquistão, como milhares de afegãos que fugiam da guerra. Ao longo do tempo, o novo líder talibã estabeleceu vínculos com os serviços secretos paquistaneses, aos quais Cabul acusa regularmente de ter criado e alimentado a insurreição talibã.

Em meados dos anos 90, quando os talibãs controlavam a maior parte do país, virou ministro da Aviação Civil no governo dos islamitas.

Apesar de ser considerado próximo ao mulá Omar, não possui a aura religiosa do líder falecido, designado "emir dos fiéis" em 1996 depois de sua nomeação como líder, o que conferia uma legitimidade maior entre os combatentes.

No entanto, o mulá Mansur soube transitar entre os diferentes setores que compõem o movimento talibã: a "shura de Quetta", a direção dos talibãs no Paquistão, os talibãs instalados no Catar e os comandantes no Afeganistão.

E conseguiu, inclusive, passar à frente do mulá Yaqub, um dos filhos de Omar, que, para muitos, era o favorito para suceder a seu pai, apesar de ter apenas 26 anos.

"O mulá Mohamad Akhtar Mansur dirige de fato os talibãs desde 2013. É considerado próximo ao Paquistão e favorável às negociações de paz com Cabul", declarou à AFP um dirigente de médio escalão antes de ser divulgada a nomeação.

Mansur assume o cargo em um momento crucial para o movimento talibã, cujos objetivos a respeito das negociações de paz são incertos.

Além disso, também deve por fim à expansão do grupo Estado Islâmico (EI) no Afeganistão, que está recrutando em suas fileiras homens decepcionados com a direção do movimento.

Em uma mensagem publicada em junho, o mulá Mansur alertou ao líder do EI, Abu Bakr al Bagdadi, que os talibãs responderiam a qualquer tentativa dos jihadistas de se implantar em solo afegão.

bur-gde/tll/tjc/ra/cn

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos