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Zimbábue pede extradição de caçador americano que matou leão Cecil

31/07/2015 15h09

Harare, 31 Jul 2015 (AFP) - O governo de Zimbábue solicitou nesta sexta-feira a extradição de Walter Palmer, o cidadão americano que se encontra foragido desde que a revelação de que foi o responsável pela morte do leão Cecil causou uma revolta mundial.

Palmer teria pagado 50 mil dólares a um caçador no começo do mês para matar o leão símbolo do país africano com um poderoso arco e flecha, depois atraí-lo para fora do Parque Nacional Hwange.

Cecil, macho dominante do parque que se destacava por sua juba preta pouco comum e era alvo de uma pesquisa científica sobre a longevidade dos leões da universidade britânica de Oxford, que o equipou com um colar de localização.

"Pedimos às autoridades competentes sua extradição ao Zimbábue para que possa ser julgado pelas infrações que cometeu", declarou a ministra do Meio Ambiente Oppah Muchinguri em uma coletiva de imprensa, na qual lamentou que não tenha sido possível detê-lo no território do país, "já que havia desaparecido rumo ao seu país de origem" quando o escândalo explodiu.

Palmer, que está sendo investigado pelo Serviço Americano de Vida Selvagem pela morte de Cecil, se desculpou e disse que foi enganado pelo guia profissional Theo Bronkhorst.

Segundo a ministra, Palmer, Bronkhorst e o dono da fazenda onde o leão foi morto são culpados por caça ilegal depois de ter atraído o animal para fora do parque nacional com uma carcaça de elefante.

Oppah afirmou que Cecil era "uma atração icônica que tivemos êxito em cuidar tanto em termos de conservação quando proteção, desde filhote até virar um leão adulto de treze anos de idade".

Apenas um leão velhoTheo Bronkhorst, por sua vez, declarou nesta sexta-feira à AFP que não fez nada de errado ao acompanhar Walter Palmer durante a caçada que acabou na morte de Cecil.

"Não acho que faltei com nenhum de meus deveres. Fui contratado por um cliente para organizar uma caçada para ele e disparamos contra um leão macho velho, que, para mim, superou sua idade reprodutiva, e acho que não fiz nada de ruim", declarou.

Ele também revelou que Palmer tirou uma foto de comemoração ao lado do corpo do leão Cecil.

"Essa foto foi tirada com a câmera do cliente, então eu não tenho acesso a ela e, francamente, mesmo se tivesse, jamais a daria a ninguém".

"Meu cliente e eu estamos extremamente devastados por saber que essa coisa tinha um colar de localização porque em momento algum nós vimos isso no leão antes de atirar nele".

"Eu não prevejo nenhuma mandado de prisão. Eu acho que isso virou algo fora de proporção graças à mídia e que tem sido uma manobra deliberada para proibir a caça, especialmente de leões, por todo o Zimbábue", o guia prosseguiu.

"Palmer é totalmente inocente nessa coisa toda, e conduziu e comprou de mim uma caça que era legítima", acrescentou.

Bronkhorst afirmou ainda que Palmer esteve no Zimbábue por apenas três dias e que os dois não entraram em contato desde que as notícias sobre a morte de Cecil causaram fúria mundial.

Ele acredita que a caça sustentável é essencial para a conservação. "Nós crescemos caçando, nossos ancestrais cresceram caçando, e isso faz parte da nossa cultura", enfatizou.