Estudantes protestam no Chile por reforma educativa mais profunda
Milhares de estudantes se manifestaram nesta quinta-feira nas ruas do Chile e pediram para aprofundar uma reforma educacional implementada com tropeços por parte do governo de Michelle Bachelet.
Convocados a uma "Marcha em defesa da educação", os estudantes percorreram grande parte do centro de Santiago, em uma manifestação que começou nos arredores da Universidade de Santiago e terminou com alguns incidentes entre policiais e estudantes encapuzados.
Em Santiago, de acordo com os organizadores, o protesto contou com a presença de 80.000 pessoas e a manifestação repercutiu em cidades como Valparaíso (oeste), Temuco e Concepción, no sul do país.
Depois de dois meses sem protestos, os estudantes voltaram a sair às ruas descontentes com o avanço de uma desejada reforma educativa levada adiante pelo governo de Bachelet, que teve que modificar várias vezes o alcance das mudanças.
"Em um cenário que vai mudando de semana a semana (a reforma) é muito difícil de abordar", declarou Valentina Saavedra, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech).
"Sabemos que é uma reforma complexa, há muitos interesses sobre a mesa e significa uma mudança muito profunda de paradigma", afirmou o porta-voz do Governo, Marcelo Díaz.
A nova ministra da Educação, Adriana Delpiano, anunciou há dois dias que seria adiado até o fim do ano o ingresso ao Parlamento de um projeto sobre gratuidade universal, que inicialmente deveria ser despachado em setembro.
Semanas antes, Bachelet anunciou mudanças em outro projeto de lei para aprovar a gratuidade da educação superior a partir do próximo ano para estudantes mais pobres, como primeiro passo para um benefício que se universalizaria a partir de 2020.
Conselho consultivo
Para encarar a reforma, nesta quinta-feira o governo anunciou a criação de um Conselho consultivo composto por profissionais ligados ao meio da educação que irá assessorar o governo na "construção de uma nova política para a Educação Superior" e "participara com suas observações na criação do respectivo projeto de lei", de acordo com um comunicado do governo.
A primeira sessão do Conselho consultivo será no próximo 4 de setembro no Ministério da Educação.
Os estudantes buscam acabar com o sistema educacional que se mantém como herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), considerado um dos mais caros e segregados do planeta, após a redução de quase metade da participação pública e do fomento da inclusão de entidades privadas.
Fruto das transformações implementadas pela ditadura, hoje apenas cerca de 40% dos estudantes estudam em escolas públicas gratuitas, enquanto que a nível universitário não é possível fazê-lo.
Bachelet ganhou a reeleição em dezembro de 2013, prometendo a implementação de uma profunda reforma educativa, que acolhia a demanda da educação pública, gratuita e de qualidade exigida durante anos nas ruas por milhares de estudantes.
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