Reunião de Sean Penn com "El Chapo" não é ilegal, diz especialista defensor de jornalistas

Em Washington

  • Tomas Bravo/Reuters

O encontro clandestino de Sean Penn com o traficante mexicano "El Chapo" Guzmán, cujo resultado foi publicado em forma de entrevista no sábado (9) na revista 'Rolling Stone', não expõe o ator americano a processos judiciais nos Estados Unidos, segundo um conhecido advogado defensor de jornalistas.

"O simples fato de falar com ele não representa nenhum risco penal segundo a lei americana", disse à AFP Floyd Abrams, advogado do escritório nova-iorquino Cahil Gordon & Reindel, que defendeu muitos jornais e televisões americanas, e em particular jornalistas dos quais as autoridades exigiam revelar suas fontes.

Sean Penn não deverá ser intimado para dar explicações mesmo se tivesse atuado a título individual, assegurou.

"Ele ter atuado como jornalista, se for o caso, lhe ajudará a demonstrar que não esteve envolvido em nenhum tipo de conspiração com ele. Não é um crime falar com alguém. Se (El Chapo) lhe deu dinheiro ou conselhos para evitar ser localizado, este é outro problema", defendeu Abrams. "Mas o simples fato de que se reuniram, que o entrevistou e que escreveu o artigo não é suficiente para justificar uma ação penal".

Segundo o especialista, as autoridades americanas poderiam tentar interrogar Sean Penn para que revelasse o paradeiro de Joaquín "El Chapo" Guzmán, mas este assunto ficou obsoleto com sua captura na sexta-feira.

O advogado disse não recordar nenhum caso de jornalistas americanos processados por entrevistar pessoas fugitivas.

O assunto poderia contudo voltar ao debate se em dado momento o traficante for levado a julgamento nos Estados Unidos. A justiça poderia ordenar que o ator prestasse depoimento.

"Se isso ocorrer, poderá haver um conflito entre o Departamento de Justiça e Penn", destacou o advogado.

Enquanto isso, as autoridades mexicanas querem interrogar Sean Penn e a atriz mexicana Kate del Castillo, que foi intermediária para organizar a reunião em outubro passado em algum lugar da selva mexicana.

Duas fontes do governo federal mexicano disseram à AFP neste domingo (10) que as autoridades querem intimá-los a depor para delinear possíveis responsabilidades.

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