Irã faz vários testes de mísseis balísticos; EUA prometem agir

Em Teerã

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    O vice-presidente americano, Joe Biden

    O vice-presidente americano, Joe Biden

O Irã realizou nesta quarta-feira vários testes de mísseis balísticos com caráter dissuasivo, o que levou o vice-presidente americano, Joe Biden, a advertir que seu país agirá se ficar confirmado que utilizaram projéteis militares deste tipo.

Estes testes ocorrem algumas semanas após a implementação do histórico acordo nuclear entre Teerã e as potências mundiais.

"No que diz respeito as suas atividades convencionais fora do acordo (...) vamos agir e já estamos tentando agir", afirmou o vice-presidente americano durante uma visita a Israel.

Segundo a agência oficial de notícias Irna e a página dos Guardiões da Revolução, a divisão de elite do exército iraniano, estes lançamentos estão destinados a mostrar que o Irã está pronto para "enfrentar qualquer ameaça contra a revolução, o regime e a integridade territorial do país".

Estas operações se somam a outros lançamentos realizados na terça-feira.

Vários tiros de mísseis de curto, médio e longo alcance (de 300 a 2.000 km) foram lançados em diferentes pontos do território iraniano, a maior parte deles de bases subterrâneas.

O comandante da divisão aeroespacial dos Guarda Revolucionária, o general Amir Ali Hajizadeh, afirmou, após o lançamento dos últimos disparos nesta quarta-feira, que estes mísseis estão destinados a atingir os inimigos distantes, em particular Israel.

Segundo as agências de notícias Fars e Tasnim, próximas aos Guardiões da Revolução, os mísseis carregavam inscrita a frase: "Israel deve ser apagado da face da terra".

"Foram disparados mísseis Qadr H e Qadr F de longo alcance (...) que destruíram alvos em locais identificados" na costa sudeste do Irã, informaram o serviço de comunicação dos Guardiões e a agência oficial Irna, citando o general Hossein Salami.

Estes testes são feitos no momento em que Biden visita Israel, com o tema do Irã na agenda.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é um crítico ferrenho do acordo nuclear com o Irã.

Os Estados Unidos anunciaram em 17 de janeiro novas sanções vinculadas ao programa de mísseis balísticos iraniano. São sanções unilaterais, desvinculadas das sanções internacionais associadas ao programa nuclear.

"Quanto mais nossos inimigos aumentarem as sanções, mais intensa será a reação da Guarda Revolucionária", advertiu o general Amir Ali Hajizadeh.

Força desestabilizadoraO Irã sempre negou buscar se dotar de uma arma nuclear e afirma que seus mísseis não estão concebidos para carregar uma arma deste tipo.

No entanto, os Estados Unidos e os países da região, entre eles as monarquias do Golfo e Israel, "estão preocupadas" pelas capacidades do Irã em matéria de mísseis balísticos.

"O Irã continua sendo uma força desestabilizadora na região", declarou o general Lloyd Austin, chefe do Centcom (o comando das forças americanas no Oriente Médio), ante a comissão das Forças Armadas do Senado.

O Departamento de Estado, por sua vez, afirmou que Washington irá à ONU se ficar demonstrado que ocorreram testes.

Mas seu porta-voz, John Kirby, destacou que estes testes "não são uma violação" do acordo nuclear.

Austin também afirmou que os países da região estão preocupados pelas capacidades do Irã em matéria cibernética e sobretudo com a atividade das forças Qods (encarregadas das operações externas dos Guardiões da Revolução).

"Há uma série de coisas que me fazem pensar que seu comportamento não mudou", disse.

 

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