Governo alemão mantém política de refugiados apesar de derrota eleitoral

Em Berlim

  • Fabrizio Bensch/Reuters

    A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, dá coletiva na sede de seu partido, a CDU, em Berlim

    A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, dá coletiva na sede de seu partido, a CDU, em Berlim

O governo alemão manterá a atual política sobre os refugiados, apesar dos maus resultados do partido da chanceler Angela Merkel nas eleições regionais de domingo, nas quais a principal formação anti-imigração acumulou os votos de descontentamento com o governo.

O porta-voz da chanceler, Steffen Seibert, declarou nesta segunda-feira (14) que "o governo federal mantém com todas as suas forças o desenvolvimento de sua política com os refugiados em nível nacional e internacional".

"Algumas coisas foram feitas e outras serão feitas. O objetivo é, em todo caso, uma solução europeia comum, duradoura, que leve cada país a reduzir drasticamente o número de refugiados" que chegam, ressaltou Seibert.

O partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), ficou na segunda posição nas eleições dos estados de Baden-Wurtemberg (sudoeste) e Renânia-Palatinado (oeste).

Em Saxônia-Anhalt (leste), a CDU venceu, mas com o partido anti-imigrantes AfD em seu calcanhar.

"Angela Merkel não se apresentou em nenhum destes três estados e, contudo, as eleições foram decididas em parte por sua política" migratória, que polariza como nunca a Alemanha, afirma o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

A política de acolhida de refugiados defendida por Merkel foi o tema central dos debates. O Alternativa para Alemanha (AfD) conseguiu resultados expressivos em três regiões, com entre 12 e 24%.

Apesar desses resultados, o porta-voz de Merkel rejeitou os pedidos por mudanças nessa política por parte de alguns líderes conservadores, que acreditavam que, após os resultados de domingo, Merkel mudaria a sua política e fixaria um limite anual de migrantes acolhidos pela Alemanha, que em 2015 registrou a entrada de 1,1 milhão de requerentes de asilo.

"Temos uma linha clara na política dos refugiados e iremos mantê-la", assegurou, neste sentido, Sigmar Gabriel, vice-chanceler e presidente do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro na coalizão governamental.

Contudo, para o líder da União Social Cristã (CSU), Horst Seehofer, aliado bávaro da CDU que se opõe à política de migração de Merkel, "a resposta" à derrota eleitoral "não pode ser: continuar como antes".

"A principal razão (dos maus resultados dos candidatos da CDU) é a política em matéria de refugiados. Não há razão para evitar falar disso", declarou após uma reunião de seu partido em Munique (sul).

O jornal Bild considerou o resultado da CDU uma "derrota contundente", mas assegurou que não pode ser associada à questão dos refugiados, uma vez que em Baden-Wurtemberg e na Renânia-Palatinado venceram respectivamente os Verdes e o SPD, que defendem políticas similares neste tema.

Na mesma linha, o Tagesspiegel indicou que "o voto (nessas regiões) se deve a outras razões", principalmente locais.

Merkel tem defendido soluções de acolhimento em nível europeu e um acordo controverso entre a Turquia e a UE, em curso de negociações antes de uma cúpula em 17 e 18 de março.

Neste contexto, ela criticou os países da rota dos Bálcãs, que conduz os migrantes para o norte da Europa, por terem fechado suas fronteiras, deixando dezenas de milhares de pessoas bloqueadas na Grécia em condições muito difíceis.

No entanto, importantes autoridades alemãs, incluindo o ministro do Interior Thomas de Maizière, saudaram este fechamento, que resultou em uma queda de 33% nas chegadas na Alemanha entre janeiro e fevereiro.

E, por fim, a própria Merkel reconheceu nesta segunda que a Alemanha "se beneficia" do fechamento da rota dos Bálcãs.

"É incontestável que a Alemanha se beneficia (...) mas esta situação não é durável, e vemos isso nas imagens que chegam todos os dias da Grécia", ressaltou a chanceler.

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