Papa recorda o emocionante encontro com um muçulmano em Lesbos
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Filippo Monteforte/Reuters
O papa Francisco abençoa homem ajoelhado a seus pés no campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia
O papa Francisco recordou emocionado neste domingo (17) sua visita ao acampamento de Moria, na ilha grega de Lesbos, e em especial seu encontro com um viúvo, pais de dois filhos, que "chorava muito".
Diante a multidão reunida na praça de São Pedro, em sua tradicional oração dominical, o Papa explicou que, junto ao patriarca de Constantinopla Bartolomeu e ao arcebispo ortodoxo de Atenas e de toda a Grécia, Jerônimo, visitou um dos campos de refugiados.
"Os migrantes procedem do Iraque, Afeganistão, Síria, África, de tantos países. Saudamos uns 300 entre eles, um por um", contou o pontífice argentino, neto de imigrantes italianos.
"Havia tantas crianças. Algumas dessas crianças viram seus pais, seus amigos, morrerem no mar. Vi tanta dor!", exclamou.
"Quero contar a vocês um caso em particular, o de um homem jovem, de menos de 40 anos. Eu o conheci ontem, com seus dois filhos. É muçulmano e me explicou que era casado com uma cristã, que se gostavam e se respeitavam mutuamente. Mas sua esposa foi degolada pelos terroristas porque não quis renunciar a Cristo e abandonar sua fé. É uma mártir!", afirmou.
"Aquele homem chorava tanto...", acrescentou, visivelmente emocionado.
"Todos somos migrantes", afirmou na véspera o papa Francisco na ilha grega de Lesbos, símbolo do drama dos refugiados, para os quais pediu uma solução "digna", dando ele próprio o exemplo, ao retornar para o Vaticano com doze sírios muçulmanos.
Francisco deu uma lição ao mundo, ao receber no avião papal três famílias de refugiados sírios, no total de doze pessoas, para que iniciem vida nova sob a proteção do Vaticano.
Foi um gesto de solidariedade sem precedentes de parte de um pontífice, que se encarregará destas famílias que perderam tudo após terem suas casas bombardeadas.
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