Nigéria recebe cúpula internacional para lutar contra grupo islamita Boko Haram

Abuja, 14 Mai 2016 (AFP) - A Nigéria recebe neste sábado uma reunião de cúpula internacional sobre a segurança para tentar pôr fim à insurreição islamita do Boko Haram, cujos vínculos com o grupo extremista Estado Islâmico (EI) "preocupam" as Nações Unidas.

Em uma declaração unânime adotada na sexta-feira, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU expressaram sua "preocupação" pelos "vínculos entre Boko Haram e o EI", e informaram que as "atividades do Boko Haram continuam comprometendo a paz e a estabilidade no oeste e no centro da África".

Esta reunião mostra a cooperação militar regional e o apoio internacional cada vez mais importantes na luta contra a insurreição do Boko Haram.

Entre os convidados está o presidente francês, François Hollande, único líder não africano presente, que se reunirá com seu homólogo nigeriano Muhammadu Buhari.

"Os resultados são impressionantes" na luta contra Boko Haram que "foi reduzido, obrigado a retroceder", mas este "grupo terrorista continua sendo uma ameaça", declarou Hollande em coletiva de imprensa conjunta com Buhari, antes da abertura da cúpula prevista para as 10H00 (Brasília).

Junto aos chefes de Estado dos países vizinhos da Nigéria (Benim, Camarões, Chade e Níger) também participam da cúpula o secretário de Estado adjunto americano, Antony Blinken, o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, assim como uma delegação da União Europeia e das comunidades econômicas da região (CEDEAO e CEEAC).

O Boko Haram expressou seu apoio ao EI no ano passado e extremistas nigerianos combatem na conturbada Líbia, ao mesmo tempo que estabelecem alianças com grupos ligados à Al-Qaeda na região do Sahel.

Em sua declaração, o Conselho de Segurança da ONU advertiu que alguns ataques do Boko Haram "poderiam constituir crimes contra a humanidade e crimes de guerra". O Conselho se disse "extremamente preocupado pelo alarmante alcance da crise humanitária (...) na região da bacia do lago Chade".

Resolver a crise humanitáriaDois anos depois da primeira cúpula em Paris, os temas centrais da reunião deste sábado são "o sucesso das operações militares" que estão sendo realizadas e a "resolução rápida desta crise humanitária". Este conflito causou mais de 20.000 mortos desde 2009 e mais de 2,6 milhões de deslocados.

Desde a chegada ao poder de Muhammadu Buhari, há um ano, o exército multiplicou as vitórias militares contra o Boko Haram. O presidente inclusive anunciou que o grupo islamita estava "tecnicamente" derrotado.

Mas os atentados suicidas continuam, a selva de Sambisa (nordeste) continua sendo um reduto repleto de rebeldes e os fatores que desencadearam a ascensão do Boko Haram (pobreza, sentimento de discriminação das populações do norte de maioria muçulmana) persistem como elementos de desestabilização da região.

Neste sentido, a organização independente Internacional Crisis Group alertou em maio em um relatório contra as declarações de vitória demasiado prematuras.

O presidente Buhari defende a mobilização de uma força multinacional, que deveria ter sido realizada em julho do ano passado. Esta força militar, apoiada pela União Africana, que inclui 8.500 militares procedentes da Nigéria e dos países fronteiriços, está entre os temas importantes abordados na cúpula.

Se esta força for criada, será necessária uma melhor coordenação entre os diferente componentes nacionais, já que o Boko Haram atua na fronteira com Camarões, Níger e o lago Chade.

Nas anteriores administrações, a Nigéria não contou com a cooperação militar internacional devido às inúmeras acusações de corrupção e de violação dos direitos humanos de seu exército.

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