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Cercado em seu reduto líbio, Estado Islâmico tenta o contra-ataque

19.fev.2016 - Casa do EI é atingida por bombardeio aéreo dos EUA em Sabratha (Líbia) - Mohamed Ben Khalifa/AP
19.fev.2016 - Casa do EI é atingida por bombardeio aéreo dos EUA em Sabratha (Líbia) Imagem: Mohamed Ben Khalifa/AP

Em Trípoli (Líbia)

15/06/2016 13h08

Os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) multiplicaram nesta quarta-feira (15) as contra-ofensivas para acabar com o cerco imposto pelas forças do governo de união líbio em seu reduto de Sirte (centro-norte da Líbia).

O EI, encurralado no centro de Sirte, tentou romper o cerco das milícias do Governo de União Nacional (GNA) no setor oeste desta cidade localizada 450 quilômetros a leste de Trípoli.

Grande parte de Sirte, sob controle do EI até então, foi reconquistada desde 9 de junho.

"Nossas forças entraram em confronto com elementos do Daesh [acrônimo em árabe para Estado Islâmico] que tentavam chegar ao porto, causando perdas significativas em homens e material", informou o centro de comunicação das forças do GNA.

Nenhuma fonte independente presente no local foi capaz de fornecer um balanço destes confrontos no norte da cidade.

Os extremistas utilizaram um tanque militar, morteiros e franco-atiradores, segundo indicaram em um comunicado as forças pró-governo, ao informar sobre uma tentativa frustrada de ataque.

Esta é a terceira tentativa do EI de recuperar o porto de Sirte desde sexta-feira.

Os extremistas também tentaram romper o cerco atacando as forças do GNA no sul e oeste.

As forças pró-GNA, sob um comando conjunto localizado em Misrata, 200 quilômetros a oeste de Trípoli, são formadas por milícias que lutaram na revolta de 2011 contra Muammar Gaddafi.

Apoio da população

O chefe do frágil governo de união nacional na Líbia, Fayez al-Sarraj, havia pedido a seus compatriotas na terça-feira para apoiar a ofensiva em Sirte e expulsar o grupo EI da cidade, uma operação que as autoridades que controlam o leste do país se recusam a apoiar.

Sarraj conta com o apoio da ONU. Neste sentido, o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou na terça-feira uma resolução que autoriza uma operação naval europeia no Mediterrâneo para monitorar o embargo de armas que pesa sobre a Líbia desde 2011, com o objetivo de ajudar o governo de união na luta contra os extremistas.

Na petição da União Europeia, o Conselho adotou por unanimidade uma resolução redigida por Reino Unido e França que amplia a missão da Operação Sophia, que vem combatendo o tráfico de migrantes no mar Mediterrâneo.

Desde agora, e durante um ano, os navios de guerra europeus poderão interceptar e "inspecionar imediatamente em alto-mar, ao longo da Líbia, as embarcações que venham ou vão para lá" e que sejam suspeitas de transportar armas e equipamentos militares.

Sarraj reforçou a sua posição após uma série de sucessos registrados pela ofensiva lançada em 12 de maio pelas diferentes unidades armadas que apoiam o GNA, que recuperaram várias posições controladas pelos extremistas, incluindo o porto e o aeroporto internacional de Sirte.

Para Sarraj, o desafio é transformar esses sucessos militares em vitória política. O seu objetivo declarado é fazer o GNA o único governo da Líbia, como esperam a ONU e a comunidade internacional.

Mas deve lidar com a rejeição das autoridades estabelecidas no leste do país, lideradas pelo polêmico general Khalifa Hafter.

De acordo com autoridades americanas, o EI tem cerca de 5.000 combatentes na Líbia, incluindo muitos estrangeiros de outros países africanos ou do Oriente Médio. A maioria está em Sirte, a única grande cidade na Líbia controlada pelo EI.

A perda de Sirte, cidade natal de Muammar Gaddafi, onde morreu em 20 de outubro de 2011 nas mãos de uma multidão, representaria um grande revés para o Estado Islâmico, que também perdeu terreno no Iraque e na Síria.