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Forças iraquianas prosseguem com ofensiva em Fallujah

18/06/2016 14h03

Fallujah, Iraque, 18 Jun 2016 (AFP) - As forças iraquianas seguem combatendo neste sábado o Estado Islâmico (EI) em Fallujah, perto de Bagdá, e retomaram as operações militares para atacar Mossul, outro grande reduto dos extremistas no país.

"Nós começamos a segunda fase da operação para a libertação de Nínive", a província cuja capital é Mossul, infirmou à AFP o ministro da Defesa, Khaled al-Obeidi.

"O objetivo da operação é tomar a cidade de Qayarah e usá-la como um trampolim para retomar Mossul", disse ele.

Qayarah, que tem um aeroporto, está localizada cerca de 60 km ao sul de Mossul, uma cidade em poder dos extremistas desde junho de 2014, cinco meses depois que tomaram Fallujah.

Em 24 de março, o exército iraquiano, apoiado por combatentes curdos e milícias xiitas, lançou uma ofensiva para retomar a província de Nínive, no que foi considerada uma primeira fase para a retomada de Mossul.

A operação é realizada a partir da cidade de Makhmur, ao sul de Mossul e a leste de Qayarah.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, afirmou que as forças do governo controlavam a maior parte Fallujah, outro reduto jihadista 50 km a oeste de Bagdá.

Desde que as forças iraquianas tomaram o complexo do governo, restam poucos focos de resistência extremista nesta cidade, segundo Al Abadi.

As forças estão vasculhando os subúrbios ao sul da cidade em busca de combatentes e explosivos, acrescentou.

No entanto, o EI controla os bairros ao norte de Fallujah, onde milhares de civis são usados como escudos humanos.

As forças de elite "continuam a avançar para libertar os subúrbios do norte" da cidade, indicou o comandante Abdelwahab Saadi.

Segundo responsáveis pela segurança, muitos membros do Estado Islâmico conseguiram escapar da cidade misturados aos civis que fugiram dos combates nos últimos dias.

A fuga do EI de Fallujah provocou o êxodo em massa de cerca de 20.000 civis em algumas horas na sexta-feira, informou o Conselho Norueguês de Refugiados (NRC).

Imagens nas redes sociais mostraram centenas de pessoas cruzando a nado o rio Eufrates em busca de um porto seguro.

O NRC disse temer que os civis que ficaram em Fallujah sejam os mais vulneráveis - mulheres grávidas, idosos e deficientes - incapazes de fugir, mas sem ser capaz de especificar o montante.

Abadi prometeu derrotar o Estado Islâmico no Iraque antes do final de 2016.

Por seu lado, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que apoia as forças iraquianas contra os jihadistas, especialmente com ataques aéreos, tomou Mossul como seu principal alvo.

Para Patrick Martin, especialista em Iraque no Institute for the Study of War, com sede em Washington, o Estado Islâmico pode sobreviver à perda de Fallujah.

"A máquina de propaganda do EI nas redes sociais vai sempre encontrar alguma maneira de atrair recrutas e incentivar ataques de lobos solitários", indicou Martin.

Nos últimos meses, o Estado Islâmico teve mais reveses que sucessos nos campos de batalha na Síria e no Iraque, mas ocupo as capas dos jornais com ataques mortais no Ocidente, particularmente na França, Bélgica e Estados Unidos.

Na Síria, o EI enfrenta várias ofensivas no norte, mas ainda resiste em seus redutos de Manbij, na província de Aleppo, e Tabqa, província de Raqa.

Em contrapartida, a perda de Mossul e Raqa, capital do EI na Síria, "significaria a perda de ilusões do califado", acredita Patrick Skinner, um analista do grupo Soufan.

bur-jmm/hkb.